O adeus do mal-amado

28 jun 2000, 23:36

Perfil de Humberto Coelho Só a participação de Portugal no Europeu de 2000 amainou a tempestade de críticas que sempre se abateu sobre a cabeça do seleccionador cessante.

A nomeação de Humberto Coelho para seleccionador nacional gerou forte polémica e desconfiança. Falta de currículo e de conhecimentos suficientes para tão exigente tarefa, bem como excessivo afastamento do futebol profissional (não treinava uma equipa desde 86/87, tendo apenas orientado Salgueiros e Sp. Braga) foram as primeiras falhas apontadas.  

O modelo de jogo e a questão de utilizar ou não um ponta-de-lança deram azo a novas críticas, num percurso nem sempre tranquilo iniciado com o 0-3 em Wembley ante a Inglaterra. Mas também o discurso, sob acusação de falta de fluidez e excesso de lugares-comuns, foi atacado. 

Entretanto, Portugal acabou por obter o apuramento para o Europeu como melhor segundo classificado, mas a desconfiança em relação à real capacidade do seleccionador manteve-se. 

Mau grado as críticas, a verdade é que, durante os mais de dois anos no cargo, Humberto Coelho teve apostas de cariz positivo, nomeadamente Paulo Bento, Costinha e Vidigal, aproveitando ainda para estrear Quim, Simão e Hugo Leal, bem como para promover o regresso de Sá Pinto.  

Além disso, tornou-se o seleccionador com melhor registo de encontros consecutivos sem derrotas: 13, entre 10 de Outubro de 1998 (0-1 com a Roménia no apuramento para o Euro-2000) e 26 de Abril de 2000 (0-2 com a Itália, num particular de preparação para aquela prova).

Dados pessoais 

Data de nascimento: 20 de Abril de 1950, em Cedofeita (Porto) 

Carreira como treinador: Salgueiros (85/86) e Sp. Braga (86/87), antes de se dedicar às crianças ao fundar as Escolas de Futebol com o seu nome. A 18 de Dezembro de 1997 foi nomeado seleccionador para o lugar de Artur Jorge. A 28 de Junho de 2000 anunciou a sua saída da Federação, após a eliminação de Portugal nas meias-finais do Europeu às mãos da França (1-2). 

Títulos: Jogou no Ramaldense (65/66), Benfica (66/75 e 77/84) e Paris Saint-Germain (75/77), conquistando oito campeonatos, seis taças e uma Supertaça Cândido de Oliveira, além de perder a Taça UEFA em 82/83 com o Anderlecht; como treinador atingiu as meias-finais do Campeonato da Europa, ao serviço da Selecção portuguesa.

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