Sporting-Leixões, 5-1 (crónica)

18 ago 2002, 23:43

A lei do mais forte Os números mostram a justiça da conquista da Supertaça pelo Sporting, mas a beleza dos golos fica só para quem viu...

O Sporting conquistou neste domingo, em Setúbal, a quinta Supertaça Cândido de Oliveira do seu historial, ao derrotar o Leixões por 5-1 com a justiça que o próprio resultado demonstra. De um jogo de qualidade média/baixa durante a primeira parte e sentido único na segunda sobram acima de tudo para guardar na memória cinco golos de fino recorte.

Futebol é espectáculo quando se vê um jogador bater um livre de forma irrepreensível (1-0, Ricardo Fernandes); um outro fugir pela direita, fintar um defesa e oferecer o ouro a um companheiro (2-0, Quaresma para Niculae); um terceiro esforçar-se até ao limite para se estrear nos golos (3-0, Kutuzov); o mesmo rapaz do livre a concluir em «souplesse» um bom entendimento de dois colegas (4-0, Ricardo Fernandes depois de jogada de Danny e Toñito); e finalmente, porque há dias em que o melhor fica mesmo para o final, um jovem atrevido rematar com força e colocação de longe da área, para o grande momento da noite (5-0, Carlos Martins).

Depois de tudo isto, o Leixões ainda fez o tento de honra, quando o velocíssimo Antchouet, já nos descontos, deu finalmente sentido a uma correria, ultrapassou Hugo e Tiago e marcou a meio metro da baliza.

E entretanto...

Antes e durante tudo isto - mas sobretudo antes - aconteceram algumas coisas que vale a pena registar. Começar pelo princípio é boa ideia, por isso vamos lembrar uns primeiros minutos atrapalhadíssimos e sem chama, de parte a parte. A dada altura, o campeão e vencedor da Taça (perante este mesmo adversário) claudicou. Demorava a encontrar-se e coube então ao Leixões deter mais tempo a bola e entusiasmar os seus adeptos. Estava-se nisto quando pouco depois da meia hora Niculae foi derrubado à entrada da área. Era descaído para o lado direito, ao jeito de um Ricardo Fernandes que parece ganhar pontos na exorcização do fantasma de André Cruz. O loirito não desiludiu e colocou o Sporting na frente. Sem merecer muito, mas confortavelmente na frente.

E porquê confortavelmente? Porque os matosinhenses, determinados em correr atrás de um sonho que tinham ficado a remoer desde a final da Taça, perderam o auto-controlo e desfizeram-se como equipa. O encarrilamento decisivo do jogo poderia ter acontecido ainda na primeira parte, mas Ricardo Fernandes falhou um penalty. Deste lance resultou uma expulsão (segundo amarelo a José António, que derrubara Toñito). Logo a seguir Beto viu vermelho directo, por uma alegada agressão a Antchouet que em boa verdade pouca gente achou ter visto. Antes ainda, o treinador do Leixões recebera ordem do juiz da partida para ir ver o jogo da bancada, devido a «bocas» registadas pelo quarto árbitro.

A segunda parte começou da melhor maneira possível para o Sporting, com o tal segundo golo que mais cedo ou mais tarde viria decidir tudo, salvo qualquer mudança radical que os protagonistas do jogo não pareciam ser capazes de proporcionar.

Os leões, por ficarem desde logo descansados e provavelmente por terem mais soluções em campo, adaptaram-se melhor ao jogo de dez para dez e dominaram completamente o Leixões. Entre jogadas boas e outras assim-assim, conseguiram tudo o que queriam. Os golos apareceram com naturalidade, foram bem bonitos e Laszlo Bölöni conquistou o pleno no seu primeiro ano como treinador do Sporting. Faltou, está bem, a Taça UEFA, mas isso é um campeonato do qual os portugueses se despediram há muito. A lei do mais forte que se aplicou hoje no Bonfim vale em todo o lado...

João Ferreira, árbitro da região, amarelou demasiado o jogo. Ele foi durinho, mas talvez não se justificassem tantos cartões. Erro grave mesmo poderá ser apenas o da expulsão de Beto - lá virá a TV para esclarecer toda a gente -, mas de errinho em errinho se chega a uma partida descaracterizada precisamente por quem devia zelar por ela.

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