Supertaça Europeia: Liverpool-Chelsea, 2-2 (5-4 g.p) (crónica)

14 ago 2019, 23:07

Há sempre tempo para voltar onde fomos felizes

Do Ataturk para o Besiktas Park. De 2005 a 2019. Catorze anos de distância, títulos europeus em comum, Istambul como denominador. Da épica conquista ao Milan na Liga dos Campeões até à quarta Supertaça Europeia do clube. O Liverpool bateu o Chelsea e recuou a um filme já visto na cidade turca: reviravolta e vitória nos penáltis, para mais um título nas competições europeias.

Há sempre uma primeira vez para tudo. Ou uma segunda vez, para voltar onde já se foi feliz. Foi o que fez o Liverpool, numa noite de boas-novas.

Houve uma primeira vez para uma árbitra, Stéphanie Frappart, dirigir uma final masculina de uma competição da UEFA. Para a Supertaça ter uma final 100 por cento inglesa. Para o título ser decidido na Turquia.

Para, 14 anos depois, o primeiro troféu europeu da época voltar a Inglaterra, depois de os reds terem batido o CSKA Moscovo, em 2005.

Primeira vez para Adrián, guardião do Liverpool, render o lesionado Alisson e fazer o primeiro jogo a titular pelo campeão europeu. Ou até para Jorginho ter o nome trocado na camisola do Chelsea. Um sem fim de peripécias e novidades.

Depois da pesada derrota em Old Trafford, da montanha-russa de emoções que Lampard relatou, o Chelsea respondia à dura entrada na Premier League. Por isso, Kanté, Pulisic e Giroud, suplentes utilizados em Manchester, viraram titulares em Istambul. Sacrificaram Barkley, Mount e Abraham. Já Klopp mudou quase meia equipa: além do lesionado Alisson, tirou Alexander-Arnold, Wijnaldum, Firmino e Origi. Adrián, Matip, Milner, Mané e Oxlade-Chamberlain foram as novidades.

O tempo mostrou que Lampard ganhou a Klopp nas apostas. Joe Gomez teve muito trabalho com Pulisic, Oxlade-Chamberlain foi quase nulo, Kanté foi um poço de força a meio campo e Giroud, além de trabalhador, eficaz. Duelos que traduzem uma primeira parte que terminou com vantagem londrina.

Liverpool-Chelsea: a ficha e o filme do jogo

O Liverpool entrou com pressão sufocante no meio campo ofensivo e à procura da profundidade na frente. Oxlade estava apagado. Só dava Mané ou Salah. Faltava Firmino, que agitaria a segunda parte. Antes, o egípcio abriu uma noite de grandes defesas a Kepa: a primeira foi ao minuto 16, a um só braço.

A partir daí, mais Chelsea. Pedro levou a bola ao ferro (22m), Giroud falhou a bicicleta (24m) e Kovacic, a passe de Pedro, viu Adrián tirar-lhe um golo certo (32m). Depois, a fórmula Kanté-Pulisic-Giroud lá desmontou, pela primeira vez, a poderosa defesa do Liverpool: o avançado francês, no espaço entre Joe Gomez e Matip, bateu Adrián.

Haveria uma primeira vez para um golo anulado, a Pulisic, por fora de jogo (40m). Mas também uma segunda, indesejada pelos blues, a Mount (83m).

Pelo meio, mudou o lado e a cara do Liverpool. Com Firmino e sem Oxlade, a história foi outra e o brasileiro teve classe para oferecer o 1-1 a Mané, na cara de Kepa. O mesmo senhor que, à porta do último quarto de hora, encostou para canto a reviravolta. Milagre? Talvez trabalho: negar o potente remate de Salah e o desvio de Van Dijk à boca da baliza não é para qualquer um.

Porém, havia uma segunda vez para ser-se feliz com o que já se tinha feito. Na primeira parte do prolongamento, Firmino e Mané voltaram a combinar, para a reviravolta. O senegalês mal teve férias, bisou e saiu esgotado. Porém, com cara de quem ainda corria mais metros. Pelo meio, Jorginho devolveu o empate no marcador, de penálti. A marca que tudo decidiria.

Firmino, Fabinho, Origi, Arnold e Salah marcaram e só Abraham desperdiçou, após Jorginho, Barkley, Mount e Emerson terem marcado.

Catorze anos depois, uma segunda vez. E com o número 14 - Henderson - a levantar um título europeu para o Liverpool na Turquia. Haja história e matemática. E tempo para voltar onde já se foi feliz, ainda que seja tarde: o jogo terminou às 00h43 locais.

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