Moreirense: «Baixo estatuto pode funcionar ao contrário», deseja Manuel Machado

8 jul 2002, 16:24

Permanência na I Liga é objectivo Manuel Machado está acredita na permanência do Moreirense na I Liga: «Objectivo é dignificar a vila»

O Moreirense é o segundo maior clube da região de Guimarães e está inserido numa pacata vila com grande desenvoltura fabril. O técnico Manuel Machado é um dos principais artífices da excelente campanha que a equipa protagonizou nas últimas duas épocas. Aquele que já foi um dos homens fortes da formação do V. Guimarães levou a equipa de Moreira de Cónegos da II Divisão B à I Liga. Sem mácula, diga-se. O professor sabe que terá agora uma missão mais difícil, um teste mais sério às suas capacidades. Um «aliciante», como explicou. Este projecto «visa a permanência na I Liga», diz, acrescentando que «materializar esse objectivo não vai ser fácil».

Uma época «complicada» como prevê o treinador, assente em diversas contrariedades: «Para além de ser inédito uma participação do Moreirense na I Liga, temos de nos deparar com as dificuldades logísticas», sustentou, sabendo antecipadamente que esse facto irá «obrigar a equipa a treinar e a jogar fora do seu recinto». Por isso, crê que «esse conjunto de factores constituiu um handicap aos objectivos a que o clube se propõe».

Dignificar a vila

Sobre o plantel que definiu para a próxima época - dez entradas asseguradas e 14 que transitam -, o técnico assume que «as garantias só poderão ser materializadas no terreno». «Fizemos a escolha mais criteriosa possível, sempre condicionada pela relação qualidade/preço», disse, alertando para a escassez de meios financeiros. O orçamento global do clube para esta temporada cifra-se nos 320 mil contos. Ainda assim, o contexto deixa-o sonhar: «Temos a esperança que, na prática, seja aquilo que desejámos. Só no terreno vamos avaliar esses indicadores, mas não temos nada a perder. Queremos valorizar a vila», replicou, consubstanciando essa capitalização, nas «duas subidas de divisão consecutivas», que ajudam a «traduzir o potencial futebolístico» da sua equipa.

No entanto, Manuel Machado opta por um discurso moderado, estilo outsider, no virar de uma página de ouro para o clube. «Somos a equipa que se apresenta com menor potencial para ficar na I Liga, mas no futebol nem sempre tudo é um dado adquirido. Esse baixo estatuto, à partida, pode funcionar ao contrário...», desejou. Para o técnico, o factor estreia na maior competição nacional não lhe tira o sono. «Também o ano passado ninguém dava nada por nós e chegámos aonde chegámos. Agora, vamos tentar repetir essa façanha», retorquiu, lembrando o título de campeão da II Liga em 2001/02 com dos orçamentos mais baixos das equipas em prova.

O técnico que já dirigiu o Guimarães em períodos de crise e trabalhou ao lado do holandês Goethals na década de 80, por exemplo, está longe de considerar este desafio, como o maior da sua carreira. Considera que será apenas o «desafio da continuidade... Chegámos aqui a pulso e trabalho e esperamos dar mais uma resposta nesse sentido», concretizou.

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