A carreira de Secretário
Nasceu para ser extremo, mas imposições tácticas obrigam Secretário a recuar longos metros no terreno para fazer esquecer o mítico capitão João Pinto. O passar dos anos e os inúmeros vai-vens do eterno número dois já se notam nas pernas, pelo que o banco de suplentes é a opção certa. Bobby Robson toma a decisão e Secretário transforma-se no jogador mais polivalente do flanco direito, tendo no brasileiro Edmilson o parceiro ideal para as aventuras ofensivas. Estamos na época 95/96.
Esta é a temporada dourada do portista. Reza a estatística que efectua 27 jogos, sempre como titular absoluto no rol dos jogadores intocáveis do treinador inglês. E nem o facto de actuar numa posição que não é a sua o inibe de pisar terrenos mais avançados. Sobe a preceito, juntamente com o colega brasileiro, formando uma ala dinâmica a atacar e rija a defender. Está dada a pedra de toque para a conquista do bicampeonato.
As excelentes exibições levam Secretário aos píncaros na selecção portuguesa, adquirindo um lugar na faixa lateral direita. Na qualificação para o Europeu de 1996 é o eleito predilecto de António Oliveira, mas em Inglaterra as opções são diferentes. Frente à Dinamarca fica no banco e joga Paulinho Santos, repetindo-se a escolha no jogo com a Turquia. Motivo: mera opção táctica.
A titularidade só chega no encontro com a Croácia, unicamente porque o seu colega do F. C. Porto fica impedido de jogar, carregado com cartões amarelos. António Oliveira gosta da exibição e a posição de lateral direito conhece um novo dono. Nos quartos-de-final Secretário actua durante os 90 minutos, com a República Checa, mas não evita o desaire colectivo nas terras de Sua Majestade. Nesta altura já o Real Madrid está na corrida ao jovem dragão.
Os outros textos
1. Secretário em entrevista: «Jogo com a Holanda marcou a viragem»
3. A carreira
- A dar nas vistas na Sanjoanense
- O Sporting, as saudades da família e a ida para o F. C. Porto
- Veredicto: emprestado
- No lugar de Jaime Magalhães
- Dias negros em Madrid
- De volta às Antas
4. Diz quem o conhece
- Fernando Santos (treinador do F. C. Porto): «Pu-lo a jogar contra tudo e todos»
- António Oliveira (seleccionador): «Muitas vezes injustiçado»
- Chendo (ex-jogador do Real Madrid): «Se calhar faltou-lhe regularidade»
- Humberto Coelho (ex-seleccionador): «Correspondeu sempre»
- João Pinto (ex-jogador do F. C. Porto): «Ainda bem que foi ele a substituir-me»
- Vítor Manuel (treinador do Salgueiros): «O nome dele saiu na rifa...»
- Costa Soares (F. C. Porto): «Sempre teve grande carácter»
- Aurélio Pereira (Sporting): «Era sportinguista desde pequeno»
- José Mina (Sanjoanense): «Não era um craque, mas sobressaía»