Wilhelm: «Dá um ânimo diferente vencer um rival na Supertaça»

12 out 2016, 23:59
Futsal: Sporting-Benfica (Lusa)

O melhor jogador do Mundial de futsal em entrevista ao MaisFutebol falou sobre a importância da vitória contra o Sporting, da sua passagem por Lisboa e comparou o futsal português com o italiano

Fernando Wilhelm chegou ao Benfica no verão de 2015 com o «objetivo de ganhar tudo». A primeira época não correu de feição e juntou apenas a Supertaça ao seu currículo.

A nova temporada teve um início de sonho para si e vive o «melhor momento da sua carreira», com a conquista do Mundial ao serviço da Argentina, a consagração como o melhor jogador da prova, e uma semana depois com a vitória em mais uma Supertaça pelo Benfica, desta vez frente ao Sporting.

Foi praticamente chegar, ver, jogar e vencer a final em Loulé: «Foi muito bonito, muito sofrido, sabíamos que era importante para nós ganhar, também porque tínhamos jogadores no Mundial e chegámos todos muito apertados no tempo. Era o início que desejávamos com uma Taça num jogo, num clássico. Então ganhar era muito importante e felizmente conseguimos.»

Para além de Fernando, estiveram no Mundial ao serviço de Portugal Bebé, Bruno Coelho, Ré, Fábio Cecílio, Miguel Ângelo. Muita gente importante para o conjunto de Joel Rocha. O argentino revelou o que foi fundamental para o triunfo.

«Acho que foi o grupo que se construiu nos últimos dois anos. Isso foi a coisa mais importante. Não tínhamos muito para falar, para treinar na última semana. Era só ficarmos juntos e estar consciente da importância da Supertaça e de ganhar aqui no Benfica.»

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O jogo correu bem às águias que conquistaram o troféu. Wilhelm explica que é importante ter sido sobre o Sporting, mas deixa o aviso: «Isto não foi uma resposta. Esta é uma época nova, o melhor modo de começar é ganhando. Foi a primeira taça que esteve em jogo, ganhámos e não tem nada a ver com o ano passado. Claro que dá um ânimo diferente vencer um rival, mas não quer dizer que por ganharmos a Supertaça que vamos ganhar as Taças e o campeonato. São coisas diferentes. Mas vamos trabalhar mais tranquilos, mais confiantes.»

O campeão do mundo está apenas há uma semana com o grupo, que sofreu poucas alterações. Chegaram Elisandro, Franklin, Miguel Ângelo e o guarda-redes Cristian Dominguez para colmatar as saídas de Juanjo, Alan Brandi e Bruno Pinto. Do que já conseguiu ver, pouco mudou.

«O grupo é o mesmo, a energia que temos é a mesma, o objetivo é o mesmo. Chegaram poucos jogadores, mas de muita qualidade e sobretudo de muita qualidade humana, pelo que me disseram porque eu só estou aqui há uma semana. Acho que o mais importante é isso e seguramente que têm muita qualidade e vão ajudar na causa do Benfica que é sempre ganhar», destacou.

Fernando Wilhelm está há um ano em Portugal, depois de 10 anos em Itália. A adaptação foi fácil, confessa, apesar de dizer que no início a língua foi um obstáculo. Quanto ao futsal, encontrou uma liga desequilibrada: «É diferente do campeonato italiano, que é um bocado mais equilibrado. Tem quatro ou cinco equipas que no início do campeonato podem ser campeãs e aqui é diferente: são duas, às vezes três. Por aquilo que sei são sempre duas.»

Concorda que o campeonato português é apenas competitivo no play-off e deixa a ressalva:

«Aqui uma final entre Sporting e Benfica é mais dura do que uma final do campeonato italiano, porque sabes que são as equipas mais fortes e mais preparadas que lá estão.»

Relativamente a Joel Rocha, único treinador que teve em Portugal, deixa-lhe elogios, tal como aos treinadores portugueses: «Não sei se tem a ver com a nacionalidade, já tive um treinador português [Tiago Polido] a treinar-me em Itália. Era sempre muito organizado, a planear sempre o futuro, tentando ter sempre um olho em cada coisa que acontece, não deixar nada à sorte. Não me surpreendeu o que encontrei, sabia que aqui se trabalhava de forma séria e muito profissional.»

Se os métodos de trabalho não o surpreenderam, o ambiente dentro do clube sim. O reflexo disso é o facto de André Horta ter estado na quadra nos festejos da Supertaça, a presença das modalidades frequentemente no Estádio da Luz, as partilhas nas redes sociais de conquistas entre vários atletas. Por exemplo Carlos Nicolía, jogador de hóquei, aquando da conquista do Mundial deixou-lhe um vídeo de felicitação.

«É muito bonito isso, incrível. Nós ficámos aqui a treinar, quando vamos a algum lado encontrámos gente do basquetebol, do andebol, do voleibol, na fisioterapia estamos lá a sofrer juntos porque não é só o futsal que lá está. Encontrámos gente de todas as modalidades, alguém que tem dor e que nós perguntámos e falámos sobre o que aconteceu. Então estás sempre a desejar sorte aos outros, quando nós ganhamos ou eles ganham ficámos muito contentes.»

O «caseirinho» que ficou encantado com Lisboa

Apesar do ambiente que se vive no clube a última época foi escassa em títulos, perdidos para o rival Sporting. Quando assinou pelos encarnados no verão de 2015, referiu que vinha para lutar por troféus, inclusive pela a UEFA Futsal Cup, que o Benfica esteve perto de chegar à final em 2015/16. Perdeu nas meias-finais e este ano, por não ter sido campeão, não participa.

O desejo é de vencer tudo internamente para estar na melhor competição de futsal de clubes.

«O meu objetivo na carreira sempre foi ganhar títulos. Foi por isso que vim para o Benfica, porque o Benfica tem sempre esse objetivo. Este ano não será diferente, só não temos o objetivo de ganhar a UEFA Futsal Cup porque não a vamos disputar.»

Tem contrato até ao final da temporada, mas o seu desejo é o de continuar. Lisboa foi uma cidade que lhe agradou imenso.

«Aqui em Lisboa estou muito bem. Tive uma adaptação tranquila e tive a sorte de encontrar gente boa, vizinhos muito bons. Não posso falar por todos os portugueses porque não os vou conhecer a todos, mas a gente que encontro na rua, pelas lojas é sempre muito educada, muito bem disposta a ajudar. Isso para nós foi e é muito importante.»

Fora da quadra, Fernando é muito reservado, «muito caseirinho», até porque o treino não acaba quando sai da Luz.

«Sou de ficar por casa, não há muito tempo para passeio porque treinámos muito. Estou com a minha mulher, tenho duas filhas, tenho que brincar muito (risos), não há muito tempo para outras coisas, mas sou feliz assim. Sei que este é o meu trabalho, então sei que a alimentação e descanso fazem parte também. O trabalho não acaba quando pego no carro e vou para casa.»

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