Casillas, 144 vezes: o duelo com Xavi continua já a seguir

5 nov 2014, 13:07
Casillas- 144 jogos na Champions

Guarda-redes merengue fixou novo máximo na história da Liga dos Campeões

Esta podia ter ficado para a posteridade como a noite em que Andrea Pirlo comemorou o seu 100º jogo na Liga dos Campeões com mais um livre à sua maneira, diante do Olympiakos.







Ou, talvez, como aquela em que Heung Min-Son (Leverkusen) se tornou o primeiro coreano a conseguir um bis, na maior prova europeia de clubes, superando nomes míticos no seu país como Park Ji-Sung ou Bum Kun-Cha.







Ou, ainda a noite em que o camaronês Embolo, ainda com 17 anos, se tornou o sexto jogador mais jovem de sempre a marcar em jogos da Liga dos Campeões, abrindo caminho à goleada do Basileia, de Paulo Sousa, sobre o Ludogorets (4-0).







Também podia, por fim, ficar nos livros de registos como a noite em que Cristiano Ronaldo superou o máximo de golos na Champions – mas o guarda-redes belga do Liverpool, Mignolet, não esteve pelos ajustes, para frustração do internacional português.







Mas, todas as contas feitas, o protagonista da noite tem outro nome: Iker Casillas, que fixou, no Bernabéu, um novo recorde de jogos na Liga dos Campeões. Diante do Liverpool, aos 33 anos, o guarda-redes de Mostoles somou a sua 144º presença na prova ultrapassando – pelo menos momentaneamente – um rival, amigo e companheiro de seleção, Xavi, com quem o seu destino se tem cruzado com invulgar frequência.



A estreia de Casillas na Champions deu-se há mais de 15 anos, em setembro de 1999. Recém-consagrado campeão do mundo de sub-20, na Nigéria, já então com Xavi a seu lado, o jovem guarda-redes do Real Madrid viria a mostrar-se pé quente: venceu a prova logo na primeira temporada. Foi titular na sua primeira final europeia, com o Valência, apenas quatro dias depois de ter completado 19 anos, e bisou a conquista dois anos mais tarde, quando saiu do banco para ser herói numa final memorável diante do Bayer Leverkusen.







A história prosseguiu durante mais 12 anos, que lhe permitiram construir um dos mais impressionantes palmarés do futebol internacional – com destaque natural para os três títulos de seleções, em 2008, 2010 e 2012, novamente com Xavi como parceiro de aventura.



O desentendimento prolongado com Mourinho, e as críticas de parte significativa dos adeptos merengues à sua incapacidade para assumir um papel interventivo como capitão fizeram com que a sua estrela empalidecesse nos últimos anos, com Diego Lopez a disputar-lhe a titularidade e alguns erros marcantes – em especial nas saídas aéreas – a tornarem o seu nome fonte de discussão. A polémica acentuou-se com o gesto de aproximação diplomática que, em benefício da seleção, teve para com Xavi, no auge do conflito entre «blaugranas» e «merengues».



Nem a saída de Mourinho do Bernabéu resolveu de imediato a questão para o seu lado. Bem ao seu estilo conciliador, o recém-chegado Ancelotti repartiu obrigações: no primeiro ano, Diego Lopez, que tinha ganho a preferência de parte dos adeptos, ficou com a baliza nos jogos caseiros, Casillas com a titularidade na Liga dos Campeões. E quando se desenhava a fase descendente da carreira, o guarda-redes a quem um dia a imprensa chamou «San Iker» voltou a ser pé quente, conquistando o seu terceiro título continental, «la décima» para os merengues, numa final em que voltou a mostrar a sua debilidade nas alturas, mas em que, com a ajuda do golo salvador de Sergio Ramos, conseguiu ser novamente o último a rir.



A confiança do técnico italiano, materializada no afastamento de Diego Lopez e na secundarização do seu novo suplente, Keylor Navas, acabou por dar frutos: aos 33 anos, mesmo sem o estado de graça de outros tempos, Casillas continua a ser um dos melhores do mundo entre os postes e, especialmente, nas situações de um para um com avançados isolados. 



Agora, a ultrapassagem a Xavi pode ser momentânea, já que o o médio do Barcelona continua no ativo e a sua equipa tem percurso bem aberto na Champions. Mas o tempo parece inclinar-se novamente a favor de Casillas, que parece ter recuperado o estatuto de intocável, enquanto o amigo-rival dá sinais de começar a perdê-lo, no Camp Nou.




Nesta terça-feira, Casillas quase não foi testado por um Liverpool em regime de poupança, a pensar na Premier League. Por isso, na noite da 86ª vitória com a camisola merengue (o currículo regista ainda 27 empates e 31 derrotas) pôde somar mais um jogo sem golos sofridos na prova máxima de clubes. Foi o 47º e, com o apuramento para os oitavos de final no bolso, o 50º não andará longe. E esse, pelo menos, é um recorde que Xavi não poderá disputar-lhe.

Jogadores com mais presenças na Liga dos Campeões (não contando pré-eliminatórias):

Casillas, 144
Xavi, 143
Raúl, 142
Giggs, 141
Seedorf, 125
Scholes, 124

Jogadores com mais vitórias na Liga dos Campeões (não contando pré-eliminatórias):

Casillas, 86
Xavi, 84
Raúl, 79
Giggs, 74
Puyol, 67
Cristiano Ronaldo, 66

Champions

Mais Champions

Patrocinados