"Não estraguem o meu jardim": Eduardo Freitas, o homem calmo que vai vigiar os homens rápidos

17 fev 2022, 23:02
Eduardo Freitas (FIA)

Fórmula 1 passa a ter um português como diretor de corrida. Uma das suas frases mais conhecidas é uma maravilha metafórica

Para quem tem acompanhado o Mundial de Resistência da FIA, ou mais concretamente as 24 Horas de Le Mans, o nome de Eduardo Freitas dispensa apresentações. O seu tom de voz calmo e assertivo encaixa perfeitamente nas longas noites da prova francesa, da qual é diretor de corrida desde 2012 e onde não raras vezes é chamado a intervir.

A sua capacidade de liderança, a preocupação com a segurança e verdade desportiva, bem como o pragmatismo na hora de tomar decisões, fazem de Eduardo Freitas uma das pessoas mais consensuais do mundo do automobilismo, amplamente respeitado por pilotos, diretores de equipa, adeptos e, sobretudo, pelos máximos dirigentes do desporto motorizado.

Não é de estranhar, portanto, que o português tenha sido um dos dois escolhidos (a par de Niels Wittich, que vem do DTM, o campeonato alemão de carros de turismo) para ser diretor de corrida na Fórmula 1 para a próxima época. Nesta nova missão, Eduardo Freitas terá a dura tarefa de evitar polémicas como a da última volta da última corrida da época de 2021, que pôs Michael Masi, o diretor de corrida agora substituído, debaixo de fortes críticas por parte da Mercedes e dos fãs de Lewis Hamilton.

Esta promoção ao pináculo do desporto motorizado não acontece por acaso. Os mais de 40 anos de experiência do português, desde as funções de comissário até aos tempos que correm, falam por si.

A aventura de Eduardo Freitas no desporto motorizado começou no Campeonato do Mundo de Karting de 1979, que se disputou no Autódromo do Estoril, executando a simples tarefa de desmontar o circuito. Seguiram-se passagens por quase todas as funções possíveis de desempenhar num circuito até que, em 2002, recebe um convite para ser diretor de corrida do Campeonato FIA de GT’s e do Campeonato Europeu de Carros de Turismo.

“Era só por um ano mas pensei ‘bom, melhor um ano que nada, mais vale tentar’”, explicou ao portal DailySportsCar. Mas não foi só um ano e, a partir daí, foi sempre a subir.

A chegada ao Mundial de Resistência aconteceu após dez anos de experiência em campeonatos menores. A sua atuação ao longo dos últimos dez anos trouxe imensa estabilidade, pelo que a saída do português é um duro golpe para este campeonato. Nas redes sociais são já vários os adeptos das corridas de endurance que lamentam esta mudança, que, para já, apesar de ser bastante provável, ainda não está confirmada.

Posto isto, Eduardo Freitas parece ser o homem indicado para lidar com a pressão da Fórmula 1. A sua postura inabalável é um antídoto perfeito para os ímpetos de Toto Wolff, Christian Horner e qualquer outro chefe de equipa que tente influenciar as suas decisões. É certo que irá tomar as rédeas num campeonato muito mais mediático que o Mundial de Resistência, onde cada milímetro e cada palavra é escrutinada por milhões nas redes sociais, mas o português tem-se mostrado, até agora, imune a pressões externas. Esperamos, igualmente, que em cada briefing de pilotos Eduardo Freitas diga a sua frase mais reconhecida: "Não estraguem o meu jardim".

Pode não ser piloto mas desempenhará uma das funções mais importantes na modalidade. Após os dois anos de Tiago Monteiro, já nos longínquos 2005 e 2006, Portugal volta a ter um representante no topo do automobilismo. O seu sucesso será o sucesso da Fórmula 1.

Relacionados

Desporto

Mais Desporto

Patrocinados