opinião

Costa ou Rio? "Vai ser como Hamilton e Verstappen, até ao último voto", diz Paulo Portas

23 jan 2022, 22:44

Apesar de considerar que o resultado eleitoral está em aberto, Paulo Portas acredita que sempre que as sondagens mostrarem o PSD na frente, poderá surgir uma tendência entre os eleitores de esquerda de quererem “socorrer o soldado Costa”

Paulo Portas não tem dúvidas de que Rui Rio e António Costa vão disputar estas eleições “até ao último voto”, comparando a última semana da campanha à corrida da Fórmula 1 entre Verstappen e Louis Hamilton, que acabou com a vitória do piloto holandês na última volta da corrida. O comentador voltou a sublinhar que esta campanha para as eleições legislativas seria mais centrada para a rejeição do que na adesão, com uma “disputada aberta” até ao último segundo pelo cargo de primeiro-ministro.

“Podia dar-se o caso de haver mais razões de rejeição, desilusão, irritação e cansaço em relação a uma fórmula que já vai para o seu sétimo ano. Portanto, está a pedir para ficar 11 anos no poder, algo que nunca aconteceu em Portugal”, destacou.

Paulo Portas considera que o primeiro-ministro poderá mesmo “não se ter dado conta” de que o fator rejeição seria maior do que o fator adesão à sua campanha e o primeiro-ministro poderá ter uma surpresa “na última curva”.

“Há muita mobilização das pessoas que dizem que vão votar para tirar de lá António Costa e menor mobilização naqueles que, depois de tudo o que aconteceu, vão lá para reeditar a geringonça”, explicou o antigo dirigente do CDS.

Apesar de considerar que o resultado eleitoral está em aberto, Paulo Portas acredita que sempre que as sondagens mostrarem o PSD na frente, poderá surgir uma tendência entre os eleitores de esquerda de quererem “socorrer o soldado Costa”. Porém, acredita que a mesmo pode ser verdade quando se alteram os protagonistas, com os eleitores que rejeitam o atual executivo a mobilizarem os votos em torno de Rui Rio para não dar uma vitória ao PS.

A situação poderá apresentar-se como um perigo para os restantes partidos, ditos mais pequenos, que poderão ter uma última semana de campanha “mais difícil”.  

“A oferta estratégica de António Costa é um bocadinho mais complexa. Ele por um lado diz maioria absoluta – algo que não me parece acessível - e depois disse uma coisa cujas consequências não mediu, que foi dizer que se não ficasse em primeiro lugar se demitia. Deu provavelmente o maior incentivo para os eleitores que querem substituí-lo para irem votar em Rui Rio”, sublinhou Paulo Portas.

Tensões na Ucrânia

As tensões continuam altas entre a Rússia e a Ucrânia, numa altura em que o exército russo tem dezenas de milhares de soldados na fronteira e a retórica em torno dos principais atores políticos envolvidos tem vindo a intensificar-se. Esta semana, o presidente norte-americano Joe Biden, alertou para uma situação que corre o risco de ficar rapidamente fora do controlo e resvalar para um conflito de larga escala.

Apesar de considerar que o líder norte-americano cometeu várias gaffes na sua mais recente conferência de imprensa, Paulo Portas sublinhou que o presidente russo, Vladimir Putin, que tem “uma baixa tolerância ao risco”, sabe que os Estados Unidos da América e a NATO não vão defender militarmente a Ucrânia.

“Estas duas peças são uma grande tentação para Putin. Ele acha – e esse é que poderá ser o grande erro -  que a Rússia aguentou, até agora, as sanções. Mas, desta vez, as sanções que os Estados Unidos estão a ameaçar são sanções que vão diretas ao coração do sistema financeiro da Rússia”, revelou.

Caso as sanções propostas fossem impostas, que incluem excluir a Rússia do sistema SWIFT, o país liderado por Vladimir Putin arrisca ficar completamente isolado do ponto de vista económico. Outro dos perigos para os russos em caso de invasão seria uma guerra de guerrilha prolongada, uma vez que dois terços dos ucranianos são pró-europeus.

Para Portas, ninguém ganha com estes cenários. Muito menos a Europa, que se encontra numa posição de quase dependência energética do gás e do petróleo russo, que satisfaz quase 40% das necessidades energéticas do país.

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