«Inicialmente não fui convidado para fazer o estádio»

16 nov 2023, 15:35
Manuel Salgado

Manuel Salgado foi quem desenhou o estádio do FC Porto e recorda que entrou no projeto a convite da Câmara do Porto para tratar da envolvência: nessa altura o recinto estava entregue à empresa holandesa que fez Alvalade.

No dia em que o Estádio do Dragão completa 20 anos, o arquiteto do recinto, Manuel Salgado, recordou aos órgãos de comunicação dos azuis e brancos o desenvolvimento do projeto da casa do clube.

Salgado contou que numa primeira fase, foi convidado pela Câmara Municipal do Porto para fazer o estudo urbanístico da zona das Antas, juntamente com o arquiteto Sala Morales, arquiteto que acabou por desistir do projeto.

«Começámos a trabalhar em meados de 1999 e em agosto desse ano apresentámos o estudo à Câmara do Porto, no qual propúnhamos que o estádio ficasse neste espaço onde está agora, mais perto da VCI, ao invés de se construir nos antigos campos de treino. Esta era uma zona menos propícia para haver habitação e que permitia afastar o estádio de uma zona mais consolidada, como era aquela lá cima, perto da Praça Velasquez e de toda aquela área estabilizada», revelou.

Manuel Salgado foi sempre mantendo contacto com o próprio FC Porto, e acabou por ser convidado pelo empreiteiro escolhido pelo clube para fazer o projeto do estádio.

«A determinada altura fomos convidados pelo empreiteiro contratado pelo FC Porto, que era a Somague, para fazer o projeto do estádio. Mais uma vez, no princípio, não estávamos sozinhos, éramos nós com uns holandeses que desenharam o estádio do Sporting e que tinham feito a Arena de Amsterdão», recordou o arquiteto.

O  FC Porto acabou por não gostar de várias exigências que fez e que a empresa holandesa não estava a cumprir, o que abriu uma janela de oportunidade para Manuel Salgado propor um projeto da própria autoria. Foi isso que ele fez.

Esse projeto acabou por ser aceite pela SAD portista e assim se desenhou o Estádio do Dragão.

«Uma coisa curiosa: para estar perto do campo, e ter o mínimo espaço possível entre a primeira fila de bancadas e o relvado, o estádio não só não podia ter fosso, como era necessário que as bancadas tivessem um desenho elíptico, ao contrário do que acontece na maioria dos estádios» referiu Manuel Salgado, ele que recebeu até indicações de como teriam de ser as casas de banho.

«Foi uma lição que os responsáveis do FC Porto me deram. A expressão não deve ter sido esta, mas basicamente o que me disseram foi: 'Quanto mais cuidado for o desenho, quanto mais refinados forem os sanitários, mais as pessoas os mantêm», revelou.

Veja aqui as explicações de Manuel Salgado:

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