Quinito «preocupado» com segunda parte do Estrela

29 out 2000, 18:53

E.Amadora-Farense, 1-2 (reportagem)

Quinito confessou ter ficado «assustado e preocupado» com a segunda parte do Estrela da Amadora. O problema do treinador não é tanto a derrota com o Farense que atira a sua equipa para os últimos lugares da classificação mas sobretudo o regresso ao futebol nervoso e desgarrado do princípio da época, depois de dois jogos e meio em bom plano. 

«É preocupante, julgava que o fantasma dos chutos e pontapés e da intranquilidade estava ultrapassado, que o problema já estava resolvido, mas estivemos realmente mal. Começámos mal o campeonato, entusiasmámo-nos com a vitória sobre o Campomaiorense, com o jogo na Madeira, apesar de termos perdido, e com estes primeiros 45 minutos com o Farense, mas a segunda parte deixa tudo mais complicado outra vez», reconheceu o técnico. 

Quinito explica que os seus jogadores acusaram um nervosismo que não tem razões de existir. «Nesta casa ninguém faz pressão sobre os jogadores, temos um bom ambiente familiar e dá gosto trabalhar aqui, mas eles parecem sentir alguma pressão. Na segunda parte os jogadores pareciam estar sobre brasas, como se alguém os estivesse a pressionar, talvez por quererem agradar ao treinador, à Direcção e aos sócios. Quiseram fazer as coisas depressa, mas os passes não saíam. Estavam tão nervosos que chutavam a bola para a bancada de qualquer maneira.» 

O empate do Farense em cima do intervalo terá contribuído para essa pressão, admite Quinito. «Na primeira parte o Estrela esteve bem, com boa circulação de bola, e controlou o jogo, o que deixava antever uma boa segunda parte. O golo do empate do Farense em cima do intervalo deixou a equipa tocada, já estava quase tudo com um pé no balneário, e a segunda parte foi estranhamente pobre. Não estava à espera que caíssemos na performance das primeiras jornadas. O Estrela não se encontrou, jogou aos repelões, a querer fazer o golo depressa», resumiu. 

Há alguns jogos Quinito colocou o lugar à disposição depois de maus resultados e exibições. Depois da derrota com o Farense e dos assobios com que foi brindado, no entanto, não parece pensar nisso, por considerar que entretanto o Estrela se aproximou «do futebol» como considera «que deve ser jogado». «O estado de espírito é diferente dessa altura, mas sei responsabilizar-me», assumiu, adiantando que vai conversar com Direcção e jogadores para perceber se este retrocesso é episódico ou precisa de uma resolução drástica. 

«Jogo sem grande qualidade técnica» (Manuel Balela) 

Manuel Balela, treinador do Farense, entrou na sala de imprensa do Estádio José Gomes muito tranquilo, depois de um óptimo resultado para a sua equipa. Para o técnico algarvio, a sua equipa foi «feliz», embora merecendo a vitória. «O Estrela teve mais tempo de posse de bola, mas tivemos oportunidades que justificaram a vantagem.» 

O contra-ataque foi arma que deu frutos, circunstância que Manuel Balela considera normal. «É natural que quem joga fora de casa tenha mais espaços para atacar. Quando jogamos em casa também costumamos sentir mais dificuldades, as equipas reduzem os espaços atrás», recordou, considerando ter-se tratado de «um jogo muito disputado mas sem grande qualidade técnica». 

A vitória na Amadora confirma o bom início de campeonato do Farense, que pretende «evitar intranquilidades de outras alturas». «Estamos a trabalhar para o nosso objectivo, que é alcançar a manutenção o mais depressa possível, e nesse sentido era importante pontuar no terreno de um adversário do nosso campeonato.»

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