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Está consumado o eixo do bom passe, está desfeito recorde em solo português

15 jun, 23:13
Jorginho

ITÁLIA 2-1 ALBÂNIA || Itália começou a perder e o Algarve deixa de estar no livro dos recordes futebolísticos por causa disso. E Itália ia acabar a empatar e nenhum recorde iria assinalar isso - mas nós assinalamos aqui o espanto de como Itália se deixou chegar exposta ao minuto 90

O eixo do bom passe: o melhor do jogo

O eixo Berlim-Roma já teve merecidamente adjetivações pejorativas, foram outros tempos que têm sido muito recordados neste tempo que vivemos, é assunto para outros textos, mas o eixo Berlim-Roma do Euro 2024 está consumado como o eixo do bom passe e ainda dos muitos passes: só dois países tiveram até agora mais de 90% de eficácia a trocar a bola entre os seus jogadores, trata-se de Alemanha, 697 passes feitos e 657 bem-sucedidos no 5-1 à Escócia, 94% de eficácia; trata-se de Itália, 820 passes feitos e 760 bem-sucedidos no 2-1 deste sábado à noite diante da Albânia, 93% de eficácia; não se trata de mais ninguém acima dos 90% porque Croácia tem 88%, Espanha 86%, Suíça 85% e Hungria 84%, ufa, mas há mais números antes de percebermos como podem dizer coisas tão distintas: a Itália é a terceira seleção que mais correu até agora (Espanha e Croácia estão acima, mas jogaram entre si e o desgaste é mais compreensível que num Itália-Albânia), Itália correu 116 km, ou seja, tem uma eficácia de passe em linha com a da Alemanha mas correu mais 6 km que os alemães, é porque a Alemanha jogou mais junta e mais próxima da área escocesa do que fizeram os italianos da baliza albanesa, a Alemanha fez isso quando estava contra 10, certo, mas também contra 11, fê-lo sempre também porque a Escócia é pior que a Albânia, mas voltando à Itália: a partir dos 65 minutos, Itália preferiu controlar o jogo em vez de ferir e matar a Albânia e isso tem custos, por exemplo: correr 6 km a mais por jogo do que outro candidato ao título implica correr mais 18 km na fase de grupos e convém lembrar que o cansaço paga-se sempre mas sobretudo paga-se mais na fase a eliminar.

Outro custo de jogar mais longe da baliza adversária é que o futebol já provou tantas vezes que um jogo controlado passa facilmente a jogo com pontos perdidos, aos 90 minutos Manaj aparece na cara de Donnarumma e o italiano consegue evitar o 2-2 num jogo em que a Itália foi superior estatisticamente em todos os itens do jogo, em que a Itália foi superior em talento, em jogo jogado, em posse e sem posse, em que a Itália se impôs facilmente quando quis - sofreu um golo antes dos 30 segundos mas chegou rapidamente ao 2-1 -, Itália é melhor que a Albânia e ponto, mas os albaneses tiveram os seus 15 segundos de fama logo no início e iam ter 15 segundos extras de fama no fim que iriam valer por dias de fama porque a desconcentração é como o cansaço, sai caro, e a desconcentração, tal como o cansaço, vai sair ainda mais caro na fase a eliminar, está feito o aviso a Itália e há outro: a equipa que tem mais passes no Euro e que é a terceira com mais quilómetros feitos devido a um jogo com um adversário como a Albânia - enquanto as duas equipas do Euro que mais correram é porque jogaram entre si, sendo ambas são bem fortes -, repetindo: a equipa que tem mais passes no Euro e que é a terceira com mais quilómetros feitos devido a um jogo com a Albânia é porque não está a fazer algo bem na maneira como gere os espaços e o esforço.

Os golos

0-1, por Bajrami (o golo mais rápido da história dos europeus de futebol)


1-1, por Bastoni


2-1, por Barella

O pior do jogo: a atitude ofensiva da Albânia

Pode parecer injusto falar sobre atitude a propósito do que a Albânia fez, porventura é injusto mesmo, afinal ficou 2-1, mas não se trata da atitude da Albânia relativa à entrega dos jogadores, à abnegação deles, à concentração, trata-se da atitude que vem sobretudo do banco, onde impera a estratégia e a tática e essa estão sob a responsabilidade do treinador, Sylvinho neste caso: a Albânia tem quatro remates na primeira parte e outros tantos na segunda, para uma equipa que precisa de ir atrás do empate mas sendo essa equipa inferior à que tem pela frente, e a Albânia é isso relativamente a Itália, ainda assim uma equipa inferior que tem de ir atrás do empate contra uma equipa superior que até é campeã da Europa, nesse caso a atitude estratégica é mais importante que o talento, até porque o talento já é à partida um assunto resolvido - há mais no rival, neste caso a Itália. Perder por 3-1, 4-1, 7-1, 9-1 não é o mesmo que perder por 2-1, e há sempre que fazer a gestão entre o tamanho da derrota e as probabilidades de se empatar quando se é a Albânia e há Itália pela frente, mas se há algo que a Albânia conseguiu expor este sábado à noite é que os defesas italianos já tiveram merecidamente adjetivações magníficas outrora, foram outros tempos que são sempre recordados quando Itália joga, foram os tempos de Baresi, Nesta, Cannavaro, Maldini, Gentile, Bergomi, Costacurta, agora os tempos são outros e a Albânia expôs tão facilmente aos 20 segundos de jogo e nos segundos finais do minuto 90 que agora dá para entrar por aquela defesa italiana adentro com mais facilidade que nos tempos idos - e a maneira de se encontrar esses caminhos depende certamente dos jogadores em campo mas também do estudo que um treinador faz fora deles - o estudo antes do jogo e durante o jogo.

Fim do recorde em solo português: o momento do jogo

É dos lances mas simples da história do futebol mas fica na história do futebol por outro motivo: Dimarco faz um lançamento de linha lateral na direção do seu guarda-redes mas a bola acabou por ficar sob a direção do pé direito de Bajrami, que deu um primeiro toque e no segundo foi um toque-remate que se tornou o golo mais rápido da história de um europeu de futebol, 23 segundos, melhor que os 67 que Dmitri Kirichenko demorou a fazer no Algarve, em 2004, o primeiro golo da Rússia num jogo diante da Grécia. Agora é o seguinte: a Grécia venceu em 2004 depois de ter sofrido aquele golo-relâmpago, não há necessidade de a história voltar a impor a vitória no Euro à equipa que sofreu o golo mais rápido - a não ser que se passe algo contra Portugal em 22 segundos ou menos, aí há motivos para a história se provar impositiva nas suas repetições.

O minuto 90: a surpresa do jogo

A surpresa foi mesmo Itália ter deixado que o jogo chegasse a isto:

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