Madaíl quer melhorar venda de bilhetes

25 jun 2000, 18:40

Presidente da Euro-2004, SA faz balanço do Euro-2000 Gilberto Madaíl mostra-se globalmente satisfeito com a organização do Euro-2000, mas aponta alguns problemas, nomeadamente no sistema de vendas de bilhetes. O presidente da sociedade Euro-2004 diz que no próximo Europeu Portugal tem que garantir vida mais fácil aos adeptos. Pelo meio, Madaíl deixa um recado para dentro, garantindo que a Federação portuguesa não vai abdicar de conduzir o processo.

Gilberto Madaíl diz que a organização do Euro-2000 levanta novas questões e novos desafios para Portugal no trabalho de pôr de pé o próximo Europeu de futebol. O presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) aponta algumas lacunas na organização conjunta da Bélgica e da Holanda, sobretudo no sistema de venda dos bilhetes. Portugal vai tentar melhorar esse aspecto, garante o presidente da Federação Portuguesa de Futebol e da Euro 2004, SA. 

«Temos que encontrar um meio mais fácil para garantir que o futebol seja uma grande festa e não uma grande fonte de complicações para tentar obter um bilhete», afirma Madaíl, chamando a atenção para as falhas de um processo que está a impedir que os estádios esgotem a lotação. 

O sistema montado para o Euro-2000 entrega às Federações a responsabilidade venda dos ingressos, obrigando-as a fazer um controlo que passa pela identificação dos adeptos e pelo risco de não vender todos os bilhetes.  

«Existe a obrigatoriedade de identificação, de responsabilização, que uma Federação não pode ter. Não sabemos onde é que vão parar os bilhetes que vendemos. E nem estou a falar em candonga, mas de um adepto que compre o bilhete e, porque já não pode ir ao jogo, o vende a outro», diz Madaíl, lembrando que nem é possível à Federação devolver os bilhetes, para que eles possam ser vendidos noutros locais. «Nós tivemos duas pessoas a vender bilhetes dentro de um contentor para os quartos-de-final. Depois não vendemos todos e tivemos que ficar com eles.» 

Problemas de segurança

Este é um problema sensível, até porque pode criar problemas de segurança, na opinião do dirigente português: «Normalmente tudo isso está associado. A maior parte dos problemas que existem parece ser com pessoas que não conseguem bilhete, muitas vezes quando existem lugares vazios nos estádios.» 

«A UEFA tem que repensar este sistema de bilhetes. Nós compreendemos que a UEFA tem que ter uma política o mais responsável possível, mas tem que haver um balanço», conclui Madail. 

Portugal ainda não tem uma solução alternativa para contrapor, mas este problema reforçou a ideia de que o grande objectivo do Euro-2004 tem de ser conseguir que a festa seja completa: «É um grande desafio à organização portuguesa procurar meios que tornem o futebol uma festa e facilitem a vida dos adeptos.» 

Capacidade de improvisação 

Quanto aos problemas de segurança que se verificaram em Bruxelas, sobretudo com adeptos ingleses, Madaíl não se mostra preocupado. «Uma das grandes lições do Euro-2000, até agora, é que felizmente os problemas não se passam dentro do estádio. Os adeptos não vão para os campos de futebol andar à pancada. Não sou pessimista, acho que as pessoas vêm para participar numa festa.» 

O que não invalida, diz Madaíl, que seja necessária muita atenção para o que pode acontecer, também, longe dos estádios. «O que se passa fora do estádio tem que ser ponderado com muito cuidado. É preciso no dia e na noite dos jogos ter uma grande inteligência e capacidade de improvisação, para proporcionar o melhor desfecho possível.» 

Madaíl garante que os responsáveis da Euro-2004 SA e vários representantes de autoridades portuguesas, incluindo a polícia, têm acompanhado o Euro-2000 para recolher informação e ensinamentos: «Temos tido pessoas responsáveis que vêm, têm ideias. Ainda hoje houve uma reunião na Fundação Euro-2000.» 

Mais áreas que podem ser melhoradas 

Além dos bilhetes, o Euro-2000 tem mostrado mais falhas. «Podemos fazer melhorias na área dos transportes, na questão do voluntariado. Há motoristas que não sabem o caminho para o hotel...», exemplifica Madaíl. 

«Globalmente, a organização do Euro-2000 está a cumprir os objectivos. Mas há áreas que podem ser melhoradas», conclui Madaíl, salvaguardando no entanto que o trabalho da organização não foi fácil, num trabalho conjunto de dois países onde o poder local tem muita força: «Muita coisa não depende apenas da Fundação Euro-2000. Eles movem-se numa situação muito complicada. Qualquer palavra de um presidente da Câmara praticamente é lei.» 

Prioridade às obras  

«Temos que apelar à nossa capacidade de organização e de improvisação», diz Madaíl. Mas Portugal ainda tem muito trabalho para fazer, antes de entrar nas questões que dizem respeito ao torneio em si. «A prioridade agora é a construção e as obras dos estádios», reconhece Madaíl. 

Aí, já há alguns problemas para resolver. O Benfica não assinou o contrato-programa com o Estado para financiamento das obras e o Sporting já levantou algumas preocupações sobre a calendarização das verbas. Madaíl diz que se vai debruçar sobre isso quando terminar o Euro-2000. 

«Espero aproveitar o mês de Julho para fazer um ponto da situação correcto sobre tudo isso. A Federação não tem qualquer tipo de responsabilidade, a não ser as que assumiu perante a UEFA. Temos a responsabilidade é de estar em cima do acontecimento para alertar o Estado e a opinião pública», diz Madaíl. 

Federação não abdica de conduzir o processo 

A terminar, o presidente da Federação aproveita para deixar um recado sobre as polémicas que já se levantaram em torno da organização. Sem destinatário certo. Um «recado generalista», diz Madaíl: «Também estamos conscientes, e isso que fique bem claro, que vai haver muitas tentativas de desestabilização da estrutura do Euro-2004. Mas a organização do torneio é da responsabilidade da Federação. Por muitos iluminados que apareçam, assim será sempre. A Federação portuguesa não vai abdicar de conduzir este processo.»

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