EUA e Reino Unido provocam "rombo" após vários ataques aos Houthis. Rebeldes respondem e ameaçam Ocidente

CNN Portugal , BCE/AG
12 jan, 00:01

Explosões atingiram várias cidades do Iémen. Biden promete mais medidas caso necessário

Os Estados Unidos e o Reino Unido começaram esta quinta-feira uma operação militar contra os rebeldes Houthis, sendo que o presidente norte-americano e o primeiro-ministro britânico já confirmaram os ataques, que também contam com forças de outros países que estão presentes na coligação Operação Guardião da Prosperidade, e que surgem à margem da guerra entre Israel e Hamas, na qual os Houthis também entraram.

As forças armadas norte-americanas e britânicas utilizaram mísseis Tomahawk lançados por navios de guerra e caças nos ataques contra os rebeldes apoiados pelo Irão, adiantaram vários responsáveis norte-americanos à Associated Press, num ataque que também envolve submarinos.

Presente nos ataques está o USS Florida, um submarino capaz de lançar mísseis balísticos que chegou ao Mar Vermelho a 23 de novembro, na altura para servir de manobra de dissuasão. Como isso parece não ter resultado, acabou por envolver-se no teatro de operações.

Os alvos militares incluem centros logísticos, sistemas de defesa aérea e locais de armazenamento de armas. Estes são os primeiros ataques norte-americanos aos Houthis desde 2016.

De acordo com a Reuters, há relatos de várias explosões em Sana, capital do Iémen e de aviões de guerra britânicos e norte-americanos no espaço aéreo do país, parcialmente controlados pelos rebeldes apoiados pelo Irão.

O Ministério da Defesa do Reino Unido foi o primeiro a dar alguma informação mais detalhada dos resultados do ataque, ainda que assinalando que se trata de avaliações provisórias.

Num comunicado emitido pouco depois dos ataques, o ministério britânico afirma que esta ação foi levada a cabo para “minimizar os riscos para civis”. Na mesma nota é referido que “as primeiras indicações são de que a capacidade dos Houthis para ameaçar o comércio naval sofreu um rombo”.

“Quatro aviões Typhoon FGR4s utilizaram bombas guiadas para realizar ataques precisos em duas instalações Houthis. Um local foi em Bani, a noroeste do Iémen. Um número de edifícios envolvidos nas operações de drones foi alvejado pelos nossos caças”, refere o comunicado.

Outra localização foi na base de Abbs, onde as informações indicam que estavam a ser lançados mísseis de cruzeiro e drones para o Mar Vermelho. “Vários alvos importantes do campo foram identificados e atacados pelos nossos caças”, acrescenta o Ministério da Defesa do Reino Unido.

Um oficial Houthi confirmou à Reuters que o grupo está a ser alvo de ataques "inimigos" em Sana.

"A agressão americano-sionista-britânica contra o Iémen lança vários ataques contra a capital, Sana, a província de Hodeidah, e Dhamar", adiantou Abdul Qader al-Mortada, representante dos Houthis, citado pelo The Guardian.

O vice-presidente dos rebeldes iemenitas também confirmou que a capital do país está a ser alvo de ataque, prometendo uma resposta do grupo para breve. Nasr Aldeen Amer fala numa "agressão brutal contra" o Iémen.

"Vão pagar absolutamente e sem hesitação, e não vamos abandonar a nossa posição no apoio ao povo palestiniano, qualquer que seja o custo", acrescentou.

Em concreto, e segundo as informações fornecidas pelo grupo, foram atacados os seguintes alvos:

  • Base aérea de Al-Dailami, a norte da capital, Sana;
  • Áreas em torno do aeroporto de Hodeidah, no oeste do Iémen;
  • Campo Kahlan, em Saada, onde o grupo se baseia, a norte do Iémen;
  • Aeroporto de Taiz e outros locais da região, no sudoeste do país;
  • Um aeroporto que serve a cidade de Abbs, no noroeste do Iémen.

Biden diz que ataques foram "bem-sucedidos"

O presidente dos Estados Unidos já confirmou os ataques da coligação aos rebeldes Houthis. Joe Biden referiu que além de norte-americanos e britânicos, também forças da Austrália, Bahrain, Canadá e Países Baixos participam na missão.

Joe Biden disse que os ataques foram “bem-sucedidos” contra um largo número de alvos no Iémen.

“Estes ataques são uma resposta direta aos ataques sem precedentes dos Houthis contra navios internacionais no Mar Vermelho, incluindo a utilização de mísseis balísticos anti-navio pela primeira vez na história”, acrescentou.

Joe Biden avisou que estes ataques colocam em perigo cidadãos norte-americanos, bem como civis e parceiros dos Estados Unidos, além da liberdade de navegação. “Mais de 50 nações foram afetadas em 27 ataques ao comércio naval internacional”, reiterou.

“Tripulações d emais de 20 países foram enfraquecidas ou feitas reféns em atos de pirataria”, sublinhou ainda, dizendo que mais de dois mil navios atacaram diretamente estes navios, incluindo alguns com bandeira norte-americana.

Em tom de aviso aos rebeldes iemenitas, Joe Biden disse que estes ataques são uma "mensagem clara" dos Estados Unidos e aliados de que não vão "tolerar ataques" ou permitir atos hostis na região. "Não hesitarei em ordenar mais medidas para proteger o nosso povo e a liberdade de navegação", concluiu.

Os ataques da última terça-feira, com os Houthis a lançarem mais de 20 mísseis e drones, foram a gota de água. A CNN Internacional refere que foi aí que Joe Biden deu a luz para esta operação, sendo que vários navios norte-americanos estavam entre os alvos, ainda que não tenham sido registados feridos ou danos.

Sunak diz que Ocidente avisou

Depois de Joe Biden foi a vez do primeiro-ministro do Reino Unido falar sobre os ataques. Rishi Sunak anunciou que a força aérea realizou vários ataques contra infraestruturas militares do Houthis.

O responsável lembrou os vários ataques dos rebeldes nos últimos meses, destacando o perigo e a desestabilização que esses mesmos ataques provocaram.

“As ações imprudentes [dos Houthis] arriscam vidas no mar e exacerbam a crise humanitária no Iémen”, acrescentou, referindo que houve “avisos repetidos”, mas que os Houthis “decidiram continuar a realizar ataques no Mar Vermelho”, o que “não pode continuar”.

Houthis respondem e prometem "terríveis consequências"

Em resposta ao ataque, os rebeldes Houthis lançaram mísseis de cruzeiro e balísticos contra navios de guerra dos Estados Unidos e do Reino Unido no Mar Vermelho, em resposta aos bombardeamentos destas forças contra várias províncias do país árabe.

Esta informação foi adiantada por fonte dos rebeldes à agência de notícias espanhola Efe.

"O nosso país tem sido alvo de agressões massivas por parte de navios, submarinos e aviões de guerra norte-americanos e britânicos, e não há dúvida de que os Estados Unidos e o Reino unido terão que estar preparados para pagar um preço alto", realçou, por sua vez, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiro do grupo, Hussein al Ezzi, na rede social X.

Hussein al Ezzi também realçou que quer Washington, quer Londres, irão "suportar as terríveis consequências desta agressão flagrante".

Esta é a primeira resposta militar dos EUA contra os Houthis, após uma campanha de ataques com drones e mísseis a navios comerciais desde o início da guerra em Israel. Estes ataques enquadram-se numa coligação internacional formada precisamente para impedir os ataques Houthis aos navios que por ali passam.

Presentes na guerra do Hamas contra Israel desde o início, os Houthis intensificaram nas últimas semanas os ataques a navios no Mar Vermelho, colocando em causa uma das mais importantes rotas comerciais do mundo - por ali passa 15% do comércio marítimo mundial -, levando mesmo muitas empresas a modificarem a forma de transporte.

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