México é um dos países mais perigosos para o exercício do jornalismo no mundo e, este ano, cinco jornalistas foram já assassinados
O presidente mexicano, Andrés López Obrador, acusou esta quarta-feira o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, de estar "desinformado", depois deste se mostrar preocupado com o "elevado número" de jornalistas assassinados no México.
"Acho que [Blinken] está mal informado. Ou estaria agindo de má-fé. O que ele diz não é verdade", assegurou Obrador, durante uma conferência de imprensa no Palácio Nacional.
Na terça-feira, Blinken colocou uma mensagem na sua conta da rede social Twitter expressando preocupação com os crimes contra jornalistas no México.
“O elevado número de jornalistas mortos no México este ano e as ameaças contínuas que enfrentam são preocupantes. Junto-me àqueles que pedem maior responsabilidade e proteção para os jornalistas mexicanos. O meu coração está com os entes queridos daqueles que deram a vida pela verdade", escreveu o chefe da diplomacia norte-americana.
The high number of journalists killed in Mexico this year and the ongoing threats they face are concerning. I join those calling for greater accountability and protections for Mexican journalists. My heart goes out to the loved ones of those who gave their lives for the truth.
— Secretary Antony Blinken (@SecBlinken) February 23, 2022
O presidente do México sublinhou que estão a ser tomadas medidas para esclarecer os assassínios contra jornalistas, garantindo que “não há impunidade”, porque “não são crimes de Estado”.
Obrador reiterou que se Blinken intervém nesta questão é porque "não está bem informado sobre a situação”, explicando que é uma situação que “está a ser tratada”.
Na semana passada, o governo mexicano apresentou um relatório a partir de investigações sobre os assassínios de jornalistas e expressou respeito por aqueles que exercem a profissão.
O presidente lamentou ainda que os assassínios de jornalistas estejam a ser usados para fomentar uma campanha nos media contra o seu governo.
O México é um dos países mais perigosos para o exercício do jornalismo no mundo e, este ano, cinco jornalistas foram já assassinados.
Desde 2000 até hoje, a organização Artigo 19 registou 150 assassínios de jornalistas no México, possivelmente relacionados com a sua função, sendo 138 homens e 12 mulheres.
Destas mortes, 47 verificaram-se durante o mandato de Enrique Peña Nieto (2012-2018) e 30 no do atual, López Obrador (2018-).