Guerra. Da onda de refugiados à definição de sanções: o que podemos esperar nas próximas horas?

24 fev 2022, 16:35

União Europeia, NATO e G7 desdobram-se em reuniões para decidir as sanções a aplicar à Rússia, enquanto ucranianos lutam pela sobrevivência de um país que Putin está a invadir

O relógio marcava 05:30 quando a capital ucraniana acordou com o som das explosões. Meia hora depois, Vladimir Putin confirmava o que os serviços de informação norte-americanos tinham vindo a alertar: as forças militares russas invadiram mesmo o território da Ucrânia. Vários líderes mundiais já condenaram o ataque, mas uma resposta concreta ainda não foi anunciada. O que podemos nas próximas horas?

“A Rússia pagará um preço elevado”, avisou Ursula von der Leyen, a voz da União Europeia no anúncio de uma nova vaga de sanções. A presidente do Conselho Europeu disse que estas são destinadas a “diminuir seriamente a economia russa”, congelando bens russos na UE e o acesso do país ao mercado financeiro europeu.

O Conselho Europeu deverá chegar a um acordo de princípio esta quinta-feira sobre um novo “pacote de sanções maciças e direcionadas” a Moscovo, mas também será decidida a “ajuda política, financeira e humanitária à Ucrânia e à sua população". "Cidades ucranianas foram atingidas e morreram pessoas inocentes. Mulheres, homens e crianças estão a fugir para salvar a vida e precisam do nosso apoio mais do que nunca”, sublinhou von der Leyen.

Estas sanções, sabe a CNN Portugal, deverão ser operacionalizadas esta sexta-feira pelos ministros dos Negócios Estrangeiros dos vários países.

Esta quinta-feira decorre a cimeira extraordinária de chefes de Estado e de Governo da União Europeia. O objetivo desta cimeira extraordinária é discutir “os últimos desenvolvimentos”, a forma de a UE “proteger a ordem internacional baseada em regras”, “como lidar com a Rússia, designadamente responsabilizando-a pelas suas ações”, e “como continuar a apoiar a Ucrânia e a sua população”.

G7 discute sanções

O grupo dos países mais industrializados do mundo, o G7, estão a reunir-se esta quinta-feira para discutir uma resposta conjunta aos “ataques não provocados e injustificados do presidente Putin à Ucrânia”, acrescentou o porta-voz da organização.

Joe Biden fala ao país às 17:30

A Casa Branca emitiu um comunicado onde revela que o presidente norte-americano, Joe Biden, vai falar ao país acerca da crise na Ucrânia esta tarde. No documento, os Estados Unidos da América enviam “as suas preces ao povo da Ucrânia” ,que está a ser “injustamente atacado pela Rússia”, e explicam que o presidente vai acompanhar a situação do interior da Casa Branca até ao início da reunião do G7.

Johnson e Macron falam aos parlamentos

"A nossa missão é clara. Diplomaticamente, politicamente, economicamente - e, eventualmente, militarmente - esta operação hedionda e bárbara de Vladimir Putin deve terminar em fracasso", afirmou Boris Johnson em reação à invasão russa do território ucraniano. Por voltas das 17:00 de Lisboa vai fazer uma declaração no Parlamento à tarde, onde deverão ser apresentadas novas sanções económicas à Rússia.

O mesmo é esperado de Macron, que garantiu que se vai dirigir ao parlamento francês na sexta-feira com mais informações sobre a resposta do país.

NATO reúne-se virtualmente esta sexta-feira

O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, anunciou hoje a realização de uma cimeira de líderes da organização, por videoconferência, para sexta-feira, para os Aliados discutirem os próximos passos a dar face ao “ato brutal de guerra” lançado pela Rússia.

“A paz no nosso continente foi destruída. Temos agora uma guerra na Europa numa escala e tipo que pensávamos pertencer ao passado […]. Convoco uma cimeira virtual de líderes da NATO para amanhã [sexta-feira] para discutirmos o caminho em frente”, declarou Stoltenberg, numa conferência de imprensa no quartel-general da organização, em Bruxelas, após uma reunião do Conselho do Atlântico Norte.

O secretário-geral da Aliança adiantou ainda que, na reunião de urgência realizada hoje de manhã, o Conselho do Atlântico Norte — principal órgão de decisão política da NATO, ao nível dos embaixadores dos países membros — decidiu ativar os planos de defesa da Aliança.

Vaga de refugiados

Confrontados com o choque inicial de algo que para muitos ucranianos era impensável, dezenas de milhares de pessoas utilizaram as suas viaturas para tentar abandonar Kiev em direção a Lviv, criando intermináveis filas de trânsito, enquanto outros tantos corriam aos multibancos para levantar dinheiro ou ao supermercado para agarrar os mantimentos que ainda restassem nas prateleiras.

A agência de refugiados das Nações Unidas afirma que a situação na Ucrânia se está a deteriorar rapidamente e antecipa uma forte vaga de refugiados. A organização apelou aos países vizinhos para que abram as fronteiras e deixem os cidadãos ucranianos entrar livremente nos seus países.

"Vimos relatos de vítimas e pessoas a começar a fugir das suas casas em busca de segurança", disse Filippo Grandi, alto-comissário da ONU para refugiados.

Vários países já se começaram a preparar para a inevitável crise humanitária, com a Polónia a criar centros de receção dos migrantes e hospitais com camas para os feridos. Também a Hungria e a Eslováquia já admitiram deixar entrar refugiados ucranianos e enviaram militares para a fronteira para fazer frente ao elevado fluxo que se fará sentir. “Por favor, tenhamos compaixão e compreensão por eles”, apelou o primeiro-ministro eslovaco, Eduard Heger.

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