PS contra AD: é nestes 10 ringues que os cabeças de lista prometem dar luta

24 jan, 07:00
Boxe (Pexels)

Conhecidos que estão os cabeças de lista do PS e da Aliança Democrática (AD), consegue-se antever onde o confronto local será mais quente. Com a ajuda de politólogos, traçamos os temas que se devem ouvir em cada círculo eleitoral. A visibilidade, dizem, é sempre o que pesa mais nestes frente a frente. Todos estes nomes, se a tradição eleitoral ainda for o que era, terão lugar garantido na Assembleia da República

Aveiro. Pedro Nuno Santos contra Emídio Sousa

De um lado o líder do PS, do outro o autarca de Santa Maria da Feira. Ambos com ligações à terra. “Mas do ponto de vista do reconhecimento público, talvez haja alguma desigualdade”, aponta a politóloga Paula do Espírito Santo, lembrando que a notoriedade é uma das características que mais pesa nas escolhas do eleitorado. “Os eleitores tendem a premiar as figuras nacionais.” Em termos temáticos, e tendo em conta o perfil empresarial deste distrito, é esperado que se debata muito como se deseja o emprego e o desenvolvimento económico. O politólogo João Pacheco considera que Pedro Nuno Santos acaba por ter um “ato de humildade, por não cair na tentação de ir por Lisboa”, valorizando o território. “Estará em Aveiro a falar para o país”, antecipa. Já Emídio Sousa deverá estar mais “focado nas referências locais”.

(Lusa)

Braga. José Luís Carneiro contra Hugo Soares

“Aqui há uma maior compatibilidade em termos de visibilidade pública”, indica Paula do Espírito Santo. Ambos têm ligações à terra e são duas figuras de proa dos respetivos partidos, antecipando-se uma disputa mais renhida. Mas Hugo Soares, aponta João Pacheco, partirá em vantagem. Isto porque o número dois do PSD “é uma figura de Braga e é melhor aceite nas estruturas do partido”, ao contrário de Carneiro que tem registado alguma resistência local. É esperado que o atual ministro da Administração Interna, na sua presença em Braga, seja fortemente confrontado com a questão das forças de segurança. O debate far-se-á também muito focado na captação de investimento, já que Braga é um território com forte tradição industrial.

(Lusa)

Coimbra. Ana Abrunhosa contra Rita Júdice

De um lado a ministra com a pasta da coesão territorial, vista como potencial candidata à autarquia, do outro uma advogada especializada na habitação. Daí que, na cidade dos estudantes, se antecipe que este será mesmo o tema forte. Porque, sem casas ou residências universitárias, o distrito não consegue fixar muitos dos jovens que forma. “A candidata da AD vai obrigar o PS a entrar no confronto sobre a habitação”, perspetiva Paula do Espírito Santo.

Faro. Jamila Madeira contra Miguel Pinto Luz

Uma filha da terra e um forasteiro. E isso importará muito em Faro, até porque a escolha da AD pelo vice-presidente da Câmara de Cascais, com falta de ligação ao distrito (apesar das ligações familiares), está a gerar desconforto no próprio PSD. “Jamila Madeira parte em vantagem. Mulher, apoiante de Carneiro, figura de continuidade, filha da terra”, resume João Pacheco. É esperado que ambos acabem a discutir dois temas que preocupam muito a região nesta fase: a sustentabilidade do turismo e a seca.

Lisboa. Mariana Vieira da Silva contra Luís Montenegro

No maior círculo eleitoral, o combate é pela competência. “Quando Pedro Nuno Santos escolhe Mariana Vieira da Silva, é uma escolha inteligente. É o braço direito de António Costa, tem experiência política. Com outra escolha, o líder do PS poderia estar a alimentar um monstro, com os rumores de um possível sucessor. Escolhe a competência”, aponta João Pacheco. Também Paula do Espírito Santo reconhece que “os eleitores podem não reconhecer em pleno o valor de Mariana Vieira da Silva mas não é uma figura estranha”. Sobretudo porque sai sem mancha de “casos e casinhos” num Governo onde eles ditaram a queda de muitos governantes. Mas o opositor é de peso: o presidente do PSD, que troca o distrito natal, por Lisboa. “Acaba por cair na tentação do centralismo”, considera João Pacheco. Mas Montenegro quererá evidenciar o trabalho feito, decorrido sobretudo na capital. Estará na capital, a falar para o país.

(Lusa)

Porto. Francisco Assis contra Miguel Guimarães

Aqui espera-se um debate equilibrado, com a saúde em destaque. Porque deste círculo veio o atual ministro da Saúde, Manuel Pizarro. E porque a AD avança com Miguel Guimarães, antigo bastonário da Ordem dos Médicos, como independente. A escolha social-democrata pode ser vista de dois prismas. João Pacheco diz que pode “ficar a sensação de falta de independência no seu exercício como bastonário”, afastando eleitores. Já Paula do Espírito Santo aponta-o como o “desafiador”, alguém vindo de fora da política, “capaz de fazer diferente”, marcando a agenda. “Mais do que a saúde, creio que vão discutir a ação social da vida dos portugueses”, antevê João Pacheco. A experiência política de Francisco Assis é vista como determinante para a escolha, como uma espécie de senador, figura do equilíbrio e ponderação. Até porque corre o rumor de que Assis deseja tornar-se o próximo Presidente da Assembleia da República.

(Lusa)

Santarém. Alexandra Leitão contra Eduardo Oliveira e Silva

A escolha da AD pelo ex-presidente da Confederação da Agricultura promete colocar este tema na ordem do dia em Santarém. “É uma figura de referência na área, acarinhado e reconhecido. Os agricultores reveem-se nele. Ao contrário do que acontece com a atual ministra, que governou desligada do setor. É um paraministro”, considera João Pacheco. Mas isso não implica que não se discutam outros temas em Santarém. Até porque no outro lado do ringue estará Alexandra Leitão, ex-ministra e coordenadora do programa eleitoral de Pedro Nuno Santos. “É capaz de discutir qualquer assunto com profundidade”, resume João Pacheco. “Acredito que terá capacidade para conciliar, trazendo foco nacional para Santarém. Isso pode ser uma vantagem”, remata Paula do Espírito Santo.

Setúbal. Ana Catarina Mendes contra Teresa Morais

É mais um confronto no feminino, que se antecipa muito equilibrado. “São dois nomes ministeriáveis. E isso eleva Setúbal”, avalia João Pacheco. À CNN Portugal, os politólogos lembram que Ana Catarina Mendes conseguiu manter-se sempre em funções sem qualquer polémica associada, trazendo “a moderação que Pedro Nuno Santos precisa de aparentar”. Já Teresa Morais pode ser associada a Passos Coelho e aos tempos da troika, que pode ser uma “desvantagem”. Um dos temas a debater será a afirmação de Setúbal como território de investimento, não como arredor de Lisboa. A experiência de ambas na área da integração e igualdade poderá vir à baila, numa altura em que também Setúbal começa a sentir o impacto da imigração na agricultura – mesmo que o tema possa ser desconfortável.

(Lusa)

Viana do Castelo. Marina Gonçalves contra Aguiar-Branco

É um confronto geracional também. Como Marina Gonçalves, com ligação direta à terra, é ministra da Habitação, uma das áreas mais relevantes para esta campanha, será natural que “passe mais tempo como ministra do que como cabeça de lista”, antecipa João Pacheco. Já de Aguiar-Branco espera-se que traga ao debate as questões da Defesa, particularmente relevantes em tempo de guerras, para evidenciar, por exemplo, a tradição naval que se perdeu neste distrito.

Viseu. Elza Pais contra António Leitão Amaro

“Viseu tem cabeças de lista que são mais próximos dos partidos do que dos territórios”, resume o politólogo João Pacheco. No “Cavasquistão”, o PS quer manter a cor da última eleição. E deverá apontar Elza Pais, presidente das Mulheres Socialistas, rosto das causas da igualdade e da defesa das mulheres. “Mas não será um tema prioritário na região. Importa mais o emprego, as questões laborais, da habitação e da saúde”, aponta Paula do Espírito Santo. Daí que Leitão Amaro, um dos estrategas de Montenegro, seja visto como um nome mais forte, pelo seu conhecimento abrangente do programa do partido e da AD.

(Lusa)

 

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