Estes são os cabeças de lista de Pedro Nuno Santos

Wilson Ledo , notícia atualizada a 23 de janeiro às 22:42
23 jan, 23:04
Congresso PS (Lusa/Miguel A. Lopes)

A última semana no PS tem sido de grande expectativa. Sobretudo porque Pedro Nuno Santos manteve em segredo, até ao último minuto, as suas escolhas para cabeças de lista

Vários socialistas ouvidos pela CNN Portugal, incluindo presidentes de federação, admitem que o cenário gerou desconforto nas estruturas, incluindo pela "pouca renovação" de nomes a que se assiste nos cabeças de lista.

Um deles confirma mesmo que não houve qualquer contacto do secretário-geral do PS ao longo desta semana, para dar feedback sobre o processo. Ainda assim, vários nomes vieram a público antes da confirmação oficial desta terça-feira.

Pode consultar a lista completa de candidatos socialistas a deputados aqui. Abaixo seguem os cabeças de lista.

Procurando contrariar as polémicas internas, o PS destacou que as listas "revelam uma ampla experiência, competência e provas dadas em vários domínios da sociedade: sem experimentalismos", com uma "ampla renovação de cabeças de lista: cerca de 50%".

Distrito a distrito

Aveiro: Pedro Nuno Santos. Numa boca a Luís Montenegro, que segue como cabeça de lista por Lisboa, o novo secretário-geral do PS garantiu que não trocaria o seu distrito “por nada”.

Beja: Nélson Brito. Neste distrito, confirma-se a renovação, recaindo a escolha no presidente da federação. Em 2022, a escolha tinha recaído sobre Pedro do Carmo, que foi o presidente da comissão organizadora do último congresso do PS.

Braga: José Luís Carneiro. A CNN apurou que as escolhas neste distrito foram difíceis de tomar. Tensas até, com Carneiro a exigir a companhia de determinados nomes nas listas. O nome do ex-rival interno de Pedro Nuno Santos chega pela quota nacional. Já tinha sido número um em 2022 por este distrito.

(Lusa)

Bragança: Isabel Ferreira. A secretária de Estado do Desenvolvimento Regional assume a posição cimeira na lista, depois de Sobrinho Teixeira, ex-deputado, ter sido apontado.

Castelo Branco: Nuno Fazenda. Para este círculo chegaram a estar apontados Ana Abrunhosa e Eurico Brilhante Dias. Contudo, com o avançar na distribuição de lugares, foi confirmada a escolha do secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, natural da Covilhã.

Coimbra: Ana Abrunhosa. Era dada como o nome mais provável para este distrito - o que viria a confirmar-se. Vários socialistas apontavam a atual ministra como uma potencial candidata à Câmara de Coimbra, encarando esta eleição já como uma rampa de lançamento. Pedro Coimbra e Ricardo Lino ocupam os lugares seguintes.

Évora: Luís Dias. Neste distrito, também há renovação. É o atual presidente de federação e autarca de Vendas Novas quem encabeça a lista. Em 2022, a escolha tinha sido Capoulas Santos.

Faro: Jamila Madeira. A ex-secretária de Estado Adjunta e da Saúde, apoiante de José Luís Carneiro na corrida interna, volta a ser a escolha por Faro. Já tinha sido assim nas últimas legislativas.

Guarda: Ana Mendes Godinho. A atual ministra do Trabalho é a escolha mais provável para representar este distrito do interior, tal como já tinha acontecido em 2022.

Leiria: Eurico Brilhante Dias. Após avanços e recuos sobre esta possibilidade, ficou definido que é o atual líder parlamentar do PS a encabeçar a lista por Leiria. Em 2022, tinha sido Lacerda Sales a escolha - hoje envolvido na polémica com a alegada cunha no tratamento milionário a duas gémeas lusobrasileiras no Hospital de Santa Maria. Na lista de Leiria entram também a secretária de Estado da Inclusão Ana Sofia Antunes e o presidente da federação Walter Chicharro.

Lisboa: Mariana Vieira da Silva. Num distrito importante no que respeita ao número de eleitos, a escolha recai sobre a atual ministra da Presidência, que se manteve neutra na disputa interna. Outros nomes estiveram apontados ao primeiro lugar da lista. Como Alexandra Leitão ou mesmo Marta Temido. A última, potencial candidata à Câmara de Lisboa, que foi indicada como a primeira opção da concelhia, surge em quarto na lista. Marcos Perestrello é o número dois, enquanto Fernando Medina, que também era dado como certo nas escolhas de Pedro Nuno Santos para este distrito, é o número três. O atual presidente da FAUL, Duarte Cordeiro, optou por não integrar as listas, dado o seu envolvimento na Operação Influencer. Da lista, conhecida ao final da tarde desta segunda-feira, fazem também parte Pedro Delgado Alves, Sérgio Sousa Pinto, Edite Estrela, Miguel Cabrita, Miguel Costa Matos, Pedro Vaz, Isabel Moreira ou Maria Begonha em lugares potencialmente elegíveis.

(Lusa)

Portalegre: Ricardo Pinheiro. Num distrito com poucos lugares para eleger, volta a ser escolhido o ex-autarca de Campo Maior e ex-secretário de Estado do Planeamento.

Porto: Francisco Assis. Era um nome praticamente certo para cabeça de lista. Até porque vários membros do partido neste distrito já o tinham revelado publicamente. Natural de Amarante, surgiu como um dos apoiantes mais relevantes de Pedro Nuno Santos, por representar uma ala mais conservadora do partido. Já encabeçou a lista do PS pelo Porto nas legislativas de 2011. Nas últimas, em 2022, ficou de fora. Era então Alexandre Quintanilha o cabeça de lista. A federação do Porto apontou João Torres, diretor de campanha de Pedro Nuno Santos e atual secretário-geral adjunto do PS, como primeira escolha. Da lista fazem também parte Patrícia Faro, João Paulo Correia ou Tiago Barbosa Ribeiro.

(Lusa)

Santarém: Alexandra Leitão. Embora inicialmente apontada a Lisboa, a ex-ministra volta a ser a escolha por Santarém. É autora da moção de Pedro Nuno Santos e está a coordenar o seu programa eleitoral. Como número dois, Santarém apresenta o presidente de federação Hugo Costa.

Setúbal: Ana Catarina Mendes. A proposta de lista para Setúbal, a que a CNN Portugal teve acesso, confirmou Ana Catarina Mendes à cabeça, tal como aconteceu nas últimas legislativas. Um nome forte, com ligação à terra, visto também como uma forma de valorizar os quadros socialistas que optaram por não assumir um lado na última disputa interna. O irmão António Mendonça Mendes é número dois. Integram também Euridíce Pereira, André Pinotes Batista ou Ivan Gonçalves.

Viana do Castelo: Marina Gonçalves. Neste distrito, há novidades face às últimas legislativas. A ministra da Habitação, nome de confiança de Pedro Nuno Santos, surge na dianteira da lista de deputados. Em 2022, tinha sido o ex-ministro da Educação Tiago Brandão Rodrigues a assumir essa função.

Viseu: Elza Pais. A presidente das Mulheres Socialistas, que no passado já foi eleita deputada por este distrito - onde em 2022 tinha sido escolhido João Azevedo - é a cabeça de lista. O número dois é o presidente da federação, José Rui Cruz.

Vila Real: Fátima Correia Pinto. Álvaro Beleza, médico e presidente da SEDES, representante de uma ala mais moderada do partido mas apoiante de Pedro Nuno Santos, era dado como o escolhido para este distrito, mas acabou por desistir devido ao desconforto que estava a gerar nas estruturas locais.

Açores: Francisco César. Uma escolha cedo fechada, sem margem para dúvidas. O filho de Carlos César, que foi diretor de campanha de Pedro Nuno Santos nas diretas do partido, foi o nome natural.

Madeira: Paulo Cafôfo. Era também uma escolha fechada, até porque o PS Madeira fez um comunicado a confirmar a escolha. Neste distrito, a tensão para a constituição das listas foi também tensa. Um dos desafios apontados a Pedro Nuno Santos será a de inclusão do madeirense Carlos Pereira, seu apoiante e antigo cabeça de lista, que não reúne consenso nas bases.

Europa: Paulo Pisco. Escolha recaiu sobre o membro da Comissão Nacional do PS que é presidente da sub-comissão das Diásporas da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa. Já tinha sido a escolha para a Europa nas últimas eleições.

Fora da Europa: Augusto Santos Silva. Elemento do núcleo duro de António Costa, é apontado novamente como a escolha para este círculo eleitoral.

Socialistas criticam falta de novos nomes face a Costa (Lusa)

Uma “confusão” e mal-estar: muitos nomes, poucos lugares

Como se nota pelos nomes acima, é notória uma continuidade nas escolhas. Algo que está a gerar desconforto entre os socialistas, uma vez que consideram que Pedro Nuno Santos, a apostar em muitos dos nomes de António Costa, não conseguirá mostrar aos portugueses como quer fazer diferente.

“Fazer listas é sempre difícil. Mas estas são particularmente difíceis. É preciso fazer uma renovação. E antecipa-se uma redução do número de eleitos”, aponta um dirigente socialista conhecedor do processo. Há a ambição de não deixar ninguém de fora, quando à partida serão menos os lugares disponíveis no Parlamento sem a renovação da maioria absoluta.

Um socialista, que integrará o círculo de Lisboa, conta à CNN Portugal que este processo de seleção foi “uma grande confusão”. Algo justificado pelo calendário apertado – está a fazer-se numa semana o que era habitual em mês e meio –, mas também pela necessidade de honrar o compromisso assumido com José Luís Carneiro de ter 35% dos seus apoiantes nas listas, sem esquecer os nomes de confiança do próprio Pedro Nuno. Vários relatos internos apontam mal-estar entre as duas partes. Nas federações, a presença de apoiantes de Carneiro tem sido pouco relevante, o que aumenta a pressão para a sua entrada na quota nacional.

Nomes próximos do atual secretário-geral do PS já tinham adiantado à CNN Portugal que o próprio secretário-geral gostaria de ter tido “mais tempo” para pensar em novos protagonistas e que “nomes, em definitivo, só na terça-feira”.

O processo ficou concluído nesta terça-feira, dia em que a Comissão Política Nacional reuniu para a aprovação final, depois da luz verde do próprio secretariado [conhecido como o "núcleo duro" de Pedro Nuno Santos] às escolhas.

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