Duarte Cordeiro falou na "maior intervenção no mercado energético em Portugal". No total, as medidas de apoio às empresas vão obrigar a uma injeção de 3 mil milhões de euros no sistema de energia nacional
No pacote de apoio à fatura energética das empresas, apresentado esta quarta-feira, o Governo tem como objetivo reduzir entre 30% a 31% o custo da fatura da eletricidade face aos preços que são estimados para o próximo ano, bem como reduzir entre 23% e 42% os custos com a fatura do gás natural.
O ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, disse tratar-se da "maior intervenção no mercado energético em Portugal". No total, estas medidas de apoio às empresas vão obrigar a uma injeção de 3 mil milhões de euros no sistema de energia nacional.
Trata-se da maior intervenção no mercado energético em Portugal. Estamos a falar de dois mil milhões de euros de intervenção no mercado da eletricidade e de mil milhões de euros no mercado de gás natural dirigidos às empresas, aos grandes consumidores."
A parcela dedicada ao gás natural vem do Orçamento do Estado de 2022, e os dois mil milhões de euros para eletricidade dividem-se em duas parcelas: 1.500 milhões de euros em "medidas regulatórias" (benefícios do próprio sistema elétrico) e 500 milhões que resultam da soma da Contribuição Extraordinária do Setor Energético, mais os leilões de dióxido de carbono.
O desconto vai ser aplicado a 80% do consumo médio de cada empresa registado nos últimos anos e as injeções são feitas este ano, para interferir nos preços do próximo.
O Governo, em conjunto com a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), estima que no próximo ano as empresas paguem cerca de 258 euros por megawatt-hora (MWh), o que resulta num custo anual de 6.500 milhões de euros no caso da eletricidade. No caso do gás natural, foram trabalhados dois cenários: 53 euros MWh, o que se traduz em 2,7 mil milhões de euros anuais, ou 180 euros MWh, que resulta num custo total de 5 mil milhões de euros. Como termo comparativo, em 2021 as empresas em Portugal suportaram custos de gás natural de 745 milhões de euros.
"Ao interferirmos na eletricidade e gás estamos a interferir no pão, leite… em todos os domínios de produtos da nossa sociedade", reforçou Duarte Cordeiro, dizendo ainda que é por essa razão que o Governo mobilizou a "maior intervenção alguma vez feita no mercado energético em Portugal".