Como o sono pode afetar a resposta à covid-19 e a eficácia das vacinas

26 dez 2021, 10:23

Especialista deu casos concretos, e aconselha mesmo que as noites antes da vacinação devem ser especialmente tidas em conta

Quase dois anos depois de ter sido detetado o primeiro caso de covid-19 na China, a doença continua a atuar em todo o mundo, provocando problemas nos mais variados quadrantes. O vírus pode desenvolver uma forma mais grave nas pessoas mais idosas ou naquelas que tenham um sistema imunitário mais fragilizado, mas há outro fator que pode desequilibrar a balança: o sono.

Sim, os distúrbios do sono podem atuar de diferentes formas a favor da doença. Para explicar isso mesmo, a CNN Portugal falou com um especialista em doenças do sono, que nos ajudou a perceber como dormir bem ou mal pode fazer a diferença.

De acordo com Miguel Meira e Cruz, a "saúde do sono" está associada a um decréscimo da capacidade imunitária: "Quando dormimos menos colocamos em risco os mecanismos e os fatores que se relacionam com a aptidão de defesa do nosso organismo. Existem em várias dimensões ligações entre o sistema imunitário e o sono".

No fundo, uma noite menos bem dormida, sobretudo se isso for um hábito, pode desencadear uma fragilização do sistema imunitário, uma caraterística associada ao desenvolvimento de formas graves da covid-19.

Além de poder afetar a resposta à doença, um desequilíbrio do sono pode também diminuir a eficácia da vacina. Miguel Meira e Cruz lembra que este não é um caso único, apontando que, quando se dormem menos de sete horas, existe um risco aumentado de contrair o vírus que provoca a gripe: "Quando se dorme menos de cinco horas existe um aumento sete vezes do risco de pneumonia, que é um aspeto crítico na covid-19".

"A resposta à vacinação, quer da sensibilização que o nosso organismo tem aos anticorpos, quer da própria estimulação de anticorpos, sabemos que pode diminuir em cerca de 50% ou mais quando, nos cinco dias anteriores à vacinação, existe um défice de sono ou um sono mal dormido", acrescenta.

Para o especialista, é importante que se leve esta questão em conta, até porque "a população em geral dorme menos do que deveria".

Assim, e seguindo a opinião de outros colegas, Miguel Meira e Cruz defende que esta seja uma questão a incluir na mensagem de saúde pública, pedindo que se possa avisar os utentes de que devem ter práticas de sono mais adequadas antes da vacinação. Será o caso de pessoas que têm apneia do sono, e que, na ótica do especialista, devem ser monitorizadas antes da vacina, para que o plano desenvolvido vá de encontro a uma melhor eficácia.

 

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