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Managing director da Transearch Portugal

Chamem as mulheres, sff

18 mar, 15:00

A composição do Parlamento, decorrente das legislativas de 10 de março, terá menos mulheres. Depois de a lei da paridade ter sido revista em 2019, passando a fixar em 40% a percentagem mínima de cada um dos sexos nas listas eleitorais, foram agora eleitas 76 mulheres, que vão ocupar 33,6% dos 226 mandatos já atribuídos.

Porquê tão poucas ?

Na última campanha eleitoral os palcos estiveram repletos de homens e pespontados de mulheres. Não se trata, obviamente, de uma novidade. Uma única mulher conseguiu a grande proeza de governar o País, Maria de Lurdes Pintassilgo, que foi primeira-ministra de Portugal entre julho de 1979 e janeiro de 1980, num tempo em que nem sequer havia primeiras, muito menos ministras.

Numa entrevista recente, o presidente do Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável (BCSD Portugal), António Pires Lima, defendeu que "Portugal seria um país mais equilibrado, mais justo” e, provavelmente, menos sujeito a crises, “se tivéssemos mais mulheres em posições de poder político e poder empresarial.”

Segundo um estudo da Harvard Business Review sobre práticas de gestão nos negócios, as mulheres líderes foram mais eficazes a gerir as organizações durante a Pandemia, fomentando o espírito de equipa e explorando a sua capacidade de resiliência.

A pesquisa, desenvolvida pela dupla Jack Zenger e Joseph Folkman, ambos especialistas em liderança, concluíram que as mulheres tiveram uma avaliação superior em 13 das 19 competências gerais de liderança, com destaque para as relações interpessoais – as chamadas soft skills -, nomeadamente no trabalho em equipa e na motivação.

É inegável que desde cedo, e em qualquer ambiente onde se movam, as mulheres são estimuladas (forçadas?) a desenvolver a inteligência emocional, com especial destaque para a comunicação, a diplomacia e a flexibilidade.

Porque continuam, então, afastadas da liderança política, cenário onde todas estas habilidades são fundamentais

Tendit in ardua virtus. A expressão latina traduz-se num provérbio popular que se adequa oportunamente ao momento que vivemos: “Nas dificuldades é que se aguça o engenho”. Tenhamos esperança de que, em circunstâncias adversas, os Líderes se revelem.

E Portugal precisa mais do que nunca de um bom líder, alguém capaz de reunir uma equipa eficaz e motivada que persiga um objetivo nobre: governar o País.

Num momento particularmente complexo para o País, para a Europa e para o Mundo, precisamos de líderes com coragem e espírito de sacrifício, que coloquem o bem comum acima de protagonismos e pequenas vaidades, que oiçam o outro e saibam explicar o seu ponto de vista. Que procurem pontes em vez de detonarem caminhos comuns. As mulheres sabem fazê-lo bem. Onde estão elas?

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