opinião
Professor universitário, investigador e autor

Imagem protocolar dos políticos pós-eleições

12 mar, 18:53

Por estes dias, após as tão aguardadas eleições legislativas assistimos – tanto à direita quanto à esquerda, a variadas nuances, ocasiões e circunstâncias que assinalam as diferentes facetas dos nossos políticos, dos principais partidos, no âmago do protocolo político. 

Da direita à esquerda, deparamo-nos com três mui sui generis perfis de imagem protocolar, politicamente falando, dos colunáveis Luís Montenegro, Pedro Nuno Santos e André Ventura, pois então. 

Os atuais líderes dos partidos com maior peso no círculo político ora dominante, não partilharam, e continuam a não partilhar, a mesma conduta protocolarmente política, mais concretamente na imagem protocolar, tais são as suas ideologias e convicções para um novo rumo de Portugal, com ainda algumas reticências em relação à formação oficial do novo governo.

Após as eleições, tem sido evidente o surgimento (intencional, diria até) dos líderes políticos que querem assinalar com cunho próprio o seu estilo, através da sua própria individualidade nunca antes tão vincada, nas demais entrevistas cedidas, na clara tentativa de criar, manter ou fortalecer os laços com o eleitorado (militantes, apoiantes e simpatizantes).

A imagem protocolar de qualquer um dos três é e continua a ser crucial e fundamental num político, sobretudo num período delicado como este, findas as eleições, mas com importantes decisões a serem tomadas nos próximos tempos, pela Presidência da República, em que o escrutínio político mais do que nunca contribuirá para continuar a aproximar ou afastar o PS e o Chega à Aliança Democrática.

Será caso para dizer que se mudam os tempos, modernizam-se os políticos. E vale tudo - salvo seja, para modernizar o pedigree ideológico de alguns dos cânones dos códigos de aparência tipicamente mais conservadores/tradicionais, isto é, maioritariamente antiquados e estandardizados no espetro político-social ao longo do tempo. Tanto é que, pela primeira vez, alguns políticos se aproximaram da oposição, pela imagem política projetada, contrariando tática e estrategicamente a perceção maioritária que o cidadão eleitor tinha deles até então. 

Esses tais políticos protagonizaram convictamente o seu figurino de modo marcadamente visto, notado e criticado por muitos, mas também elogiado por tantos. Na realidade, seguiram mais o seu próprio estilo e menos o estilo a que nos habituaram os seus antecessores, desde há décadas. 

Saliento que a dicotomia entre os partidos de esquerda e de direita tende a deixar de ser tão notória, dada a incontornável amplitude, impacto e escalabilidade própria da globalização social.

Termino, com três questões para uma reflexão:

  1. O que separa a direita da esquerda será o que os começará a unir - a nível de auto expressividade e individualidade, no coletivo político?

  2. Será tudo isto sinal de um novo paradigma, resultado dos comportamentos que as novas gerações operam, em prole dos rótulos antagónicos assimilados pela sociedade civil?

  3. Assistimos, todos nós, a uma renovada imagem político-partidária personificada pelos políticos à direita (formalismo) e à esquerda (relaxamento)?

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