"Estou a tentar sair daqui". O relato de uma jovem luso-ucraniana a fugir da guerra

24 fev 2022, 11:30
Edifícios militares destruídos em Kiev (EPA/MIKHAIL PALINCHAK)

Falámos com Dária Papchenko quando estava num táxi a caminho da embaixada portuguesa numa luta contra o tempo para conseguir sair da Ucrânia. “As pessoas estão em pânico”. A jovem luso-ucraniana de 23 anos conta o que se vive no país que está sob guerra com a Rússia

“Estou a tentar sair daqui da Ucrânia. Mas só há dois pontos de recolha, em duas cidades longe de Kiev. E acho que não se pode ir de avião”, conta a jovem luso-ucraniana à CNN Portugal. Dária é um dos 200 portugueses que vive na Ucrânia e que agora têm de ser retirados. Só há dois pontos de recolha para retirar cidadãos de Portugal em duas cidades longe de Kiev e, por isso, Dária foi para a embaixada de forma a conseguir depois chegar a estes locais que a podem colocar fora do país que está sob ataque da Rússia.

Segundo António Costa, os portugueses e luso-ucranianos vão ser retirados com ajuda dos países vizinhos da Ucrânia por terra, já que o espaço aéreo está fechado.

O ambiente, no país, é de desespero, conta a jovem: “As pessoas estão em pânico, as prateleiras dos supermercados estão vazias e há filas de 15 quilómetros nas bombas de gasolina pois todos querem ir de carro embora. Nas farmácias é o mesmo cenário: filas muito grandes”.

À CNN Portugal, por telefone, a jovem relata que há também muitas pessoas fechadas em casa. “Muitas estão em casa. No meu trabalho, por exemplo, mandaram-me uma carta a dizer para eu não sair e não ir trabalhar”, explica Dária, que trabalha na Zara, a cadeia espanhola de roupa. Em Kiev, não ouviu bombardeamentos, mas sabe que na terra onde o pai está a situação é diferente. “Em Mariupol ocorreram bombardeamentos. Um numa escola onde estavam soldados e um prédio também”, descreve. Mas, segundo diz, o pai está calmo. “Ele sabe que não pode fazer nada”.  

Dária Papchenco vivia em Portugal desde os seus 3 anos. Mas há dois anos e meio decidiu voltar à Ucrânia para estudar. Vivia sozinha numa casa situada a uma hora do centro de Kiev, a capital ucraniana. Esta manhã acordou com o telefonema do pai e da sua melhor amiga. Do outro lado da linha ouviu duas palavras: “Começou tudo”

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