Gasta 1.065€/ano, a maioria do dinheiro é para moda e beleza: o perfil de quem compra online em Portugal (mas atenção: há um problema)

2 abr 2023, 18:00
Compras online (Pexels)

O problema? Há uma quebra nas compras. Haverá despedimentos?

Após uma pandemia que levou os portugueses a apostar nas compras online, a tendência segue agora na direção oposta. As encomendas online em Portugal caíram para níveis de 2019, alimentadas em parte por uma maior preocupação com os preços, dado a inflação elevada.

Segundo o barómetro e-Shopper de 2022, que contou com a participação de 1.000 portugueses, a percentagem de inquiridos a recorrer ao e-commerce baixou para 66%. O estudo elaborado pela distribuidora DPD aponta que em 2021 este indicador situou-se nos 74%, mas se compararmos com o registado no ano pré-pandemia de 2019, então os dados de 2022 estão apenas um ponto percentual acima.

Para o CEO da DPD Portugal, Olivier Establet, a quebra do número de compradores online teve origem não só no impacto que se antecipava com o aumento da inflação, mas também no regresso dos consumidores às lojas físicas após um longo período de medidas restritivas. No entanto, o efeito desta queda do consumo online ainda não se faz sentir de forma igual pelas distribuidoras presentes em Portugal.

Contrariamente aos estudos anteriores, o administrador dos CTT, João Sousa, aponta que as mulheres parecem comprar mais online, representando cerca de 52% do total. Em média, o português gastou 55 euros por compra online em 2022, ou cerca de 1.065 euros anuais, o que é menos 5% face aos dados de 2021, segundo o e-Commerce Report divulgado pelos CTT.

Os dados do barómetro e-Shopper de 2022, por sua vez, revelam que os portugueses apostam maioritariamente no segmento de moda (61% das compras), beleza/saúde (50%) e também no calçado (43%). Em comparação, a média europeia no que toca às categorias de moda e beleza está situada nos 59% e 48%, respetivamente. Já no que toca à idade média dos compradores, esta situou-se nos 41,5 anos, um valor abaixo da média europeia de 42,4 anos.

A seguir ao top 3, os produtos que os portugueses mais compraram foram livros (42% das compras), frescos e bebidas (35%) e mercearias (30%). No que diz respeito aos frescos e bebidas, esta é uma categoria que teve um elevado crescimento em 2021, em plena pandemia, mantendo-se estável desde então. Entre os tipos de frescos e bebidas mais comprados, 71% dizem respeito a comida quente e fria pronta a comer (acima da média europeia de 65%), tendo em média 39,3 anos.

Apesar da quebra do comércio online, distribuidoras não querem despedir

De uma forma geral, todas as distribuidoras tiveram de apostar em força durante a pandemia, sendo que os investimentos se deram maioritariamente na digitalização, em novos veículos e mais infraestrutura. Agora, ainda que as compras online tenham caído em 2022, as distribuidoras defendem que isto não está a colocar em causa os postos de trabalho, antes pelo contrário.

A DHL Express admite manter todos os planos de modernização e expansão de instalações, eletrificação da frota de distribuição, entre outros investimentos em Portugal. Já os CTT notam que os carteiros dos CTT continuam a ter “um papel importantíssimo”, embora no ano passado tenham registado durante o verão uma “enorme dificuldade de contratação”, algo transversal a vários setores de atividade.

A DPD, por sua vez, esclarece que “as nossas operações têm mais 7% de colaboradores que em igual período de 2022 e temos 1.750 pessoas a colaborar connosco”, partilha Olivier Establet. Para o CEO, as vendas mantêm-se, apenas houve um deslocar do local de compra para as lojas físicas, que têm de ser igualmente abastecidas.

Compras online começam a recuperar em 2023 mas mantêm-se “tímidas”

José António Reis, CEO da DHL Express Portugal, admite que a queda nas compras online já é percetível para a distribuidora, uma declaração que vai ao encontro das palavras de Olivier Establet, CEO da DPD Portugal, que verificou o mesmo ao longo de 2022. No entanto, os CTT admitem haver indícios de que o hábito de comprar online é uma tendência que veio para ficar, “embora hoje seja feito de forma mais ‘tímida’”.

Para 2023, as distribuidoras esperam crescer apesar de destacarem as pressões provocadas pela insegurança na Europa, inflação e elevadas taxas de juro. Ainda assim, as distribuidoras apontam para um crescimento dos envios, bem como das compras em segunda mão, especialmente no que toca a opções de entrega mais sustentáveis.

Relacionados

Economia

Mais Economia

Patrocinados