Porque vai o gasóleo ficar mais caro que a gasolina?

4 mar 2022, 18:26
Combustíveis (EPA)

Preços dos combustíveis batem recordes. Com uma "anormalidade": o gasóleo vai ficar mais caro que a gasolina. Mas só temporariamente

Não há memória de coisa parecida: na próxima semana, o preço por litro do gasóleo vai ser superior ao da gasolina. “A concretizarem-se essas projeções, julgo que é inédito”, diz à CNN Portugal António Comprido, secretário-geral da Apetro, a associação que representa as empresas petrolíferas, e que está no cargo há mais de duas décadas.

Há uma grande explicação para esta nova realidade no preço dos combustíveis: a invasão da Ucrânia pela Rússia. O país liderado por Vladimir Putin “é um grande exportador de gasóleo para a Europa”. E os receios quanto ao fluxo de fornecimento, com as crescentes sanções, estão a assustar quem negoceia no mercado dos produtos refinados – mais no que respeita ao gasóleo do que à gasolina.

Porque o gasóleo, além de servir para abastecer os automóveis, tem outras finalidades que a gasolina não tem. Este combustível continua a ser usado para colocar maquinaria de empresas a trabalhar ou para o aquecimento dos lares – e daí que a estação fria coloque pressões adicionais nos preços.

“A Europa é deficitária em gasóleo. Numa situação de mercados agitados, é normal que se sinta mais o preço [a subir] onde não somos autossuficientes”, resume António Comprido.

Dados da Global Petrol Prices, relativos a 161 nações, mostram que o gasóleo é mais barato do que a gasolina em 84% desses países. Em média, tende a custa quase menos 10% do que a gasolina. Apesar de ambos os combustíveis serem produzidos a partir do crude, que é o petróleo em estado bruto, a sua transformação acaba por ditar o valor pago pelos consumidores: o processo de refinação no gasóleo é mais simples e, logo, mais barato, do que na gasolina.

Ainda assim, os portugueses devem preparar-se para pagar 1,9 euros por cada litro de gasóleo na próxima semana, mais dois cêntimos do que por cada litro de gasolina. O secretário de Estado da Energia, João Galamba, já veio garantir que existirão medidas para mitigar esta subida sem precedentes, de 14 cêntimos no gasóleo e de oito cêntimos na gasolina. Uma das opção é a extensão do programa Autovoucher, que permite a devolução de parte do valor pago pelos condutores em combustível.

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