Os combustíveis estão doidos? Agora sim, o gasóleo está oficialmente mais caro que a gasolina - e esta está mais barata que antes da guerra

24 ago 2022, 15:29
Combustíveis (Pexels)

Já várias vezes tinha ameaçado, já tinha ocorrido em alguns postos, mas nunca o gasóleo tinha estado mais caro que a gasolina em média em Portugal. Até agora

Muitas coisas têm acontecido “pela primeira vez” desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, a 24 de fevereiro, faz hoje seis meses. Uma delas aconteceu agora: um litro de gasóleo passou a custar mais do que um litro de gasolina. E isto numa altura em que as gasolinas estão mais baratas do que no início da invasão.

Como é isto possível? As pistas para a resposta estão na antecipação do inverno, na desvalorização do euro e na descida do imposto em Portugal.

Os dados foram publicados esta quarta-feira pela Direção-Geral de Energia e Geologia e respeitam à véspera, terça-feira. E são a média dos preços cobrados nos postos de combustíveis em Portugal continental. De segunda para terça-feira, os preços do gasóleo voltaram a subir ligeiramente e os de algumas gasolinas a descer ligeiramente.

Em média, comprar um litro de gasóleo simples custa agora 1,778 euros, mais 0,2 cêntimos do que um litro de gasolina simples 95, que custa 1,776 euros.

Da mesma forma, um litro de gasóleo especial custa 1,810 euros, mais 0,7 cêntimos que um litro de gasolina 95 especial, que custa 1,803 euros.

Os preços do gasóleo e da gasolina já por diversas vezes tinham estado quase colados, tendo chegado a ser noticiado que as previsões apontavam para a possibilidade de o gasóleo ficar mais caro que a gasolina. Contudo, isso nunca se confirmou oficialmente até esta terça-feira.

Elaboração CNN a partir de imagens do site da Direção-Geral de Energia e Geologia 

Os especialistas têm-se desdobrado em explicações para este fenómeno: nunca antes da guerra se tinham observado preços tão próximos entre o gasóleo e a gasolina.

Basicamente, têm sido dadas duas explicações: a de que as gasolineiras não compram petróleo em bruto mas sim produtos refinados, isto é, já transformados pelas petrolíferas, sendo que os preços de transformação e transporte têm encarecido; e o de que no inverno se consome mais gasóleo para aquecimento, o que fez aumentar a procura nos meses mais frios do início deste ano… e já está a fazer aumentar os preços por causa do próximo inverno.

Há dois outros fatores relevantes que têm influenciado os preços em Portugal: pressionando em alta, a desvalorização do euro de quase 10% face ao dólar, uma vez que os produtos petrolíferos são transacionados em dólares (tornando-se pois mais caros para quem os paga em euros); pressionando em baixa, a descida temporária do imposto sobre os produtos petrolíferos (ISP) introduzida pelo Governo em maio, sem a qual os preços estariam entre cerca de 20 e 30 cêntimos mais caros.

Os preços dos combustíveis têm viajado numa montanha-russa desde o início da guerra, tendo já variado mais de 40 cêntimos entre os seus valores máximos e mínimos desde o início da invasão da Ucrânia. No entanto, enquanto no caso do gasóleo os preços mínimos se verificaram no início da guerra e os máximos no final de junho, nas gasolinas eles estão neste momento mais baixos do que estavam aquando da invasão, depois de terem atingido os máximos no início de junho.

A amplitude mostra a diferença entre os preços mais altos e os preços mais baixos cobrados em Portugal continental em media desde a invasão da Ucrânia

A tendência neste momento é de novos aumentos de preços. Por causa do aumento do petróleo (que voltou ao patamar dos 100 dólares por barril esta semana), da desvalorização do euro (que voltou a valer menos do que o dólar esta semana) e das pressões para comprar futuros de gasóleo para antecipar o inverno.

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