MycoWorks: a startup que produz imitação de pele a partir de cogumelos

CNN , Por Peter Valdes-Dapena
22 out 2022, 10:00
A MycoWorks cultiva um substituto da pele utilizando cogumelos.

O resultado parece pele ao toque e tem uma durabilidade semelhante

A divisão de capital de risco da General Motors investiu numa startup da Califórnia que está a produzir imitação de pele a partir de cogumelos.

O material é feito pela MycoWorks utilizando as estruturas em forma de raiz dos cogumelos, chamadas micélios. Poderá constituir uma alternativa à pele tradicional feita a partir das peles de animais, habitualmente bovinos, e à pele artificial feita a partir de materiais plásticos. A indústria automóvel é o maior utilizador de pele, além da do calçado, segundo dados de 2015, do International Council of Tanners.

A MycoWorks cultiva estes micélios que parecem fios em folhas flexíveis, semelhantes a pele. O material resultante parece pele ao toque, tem uma durabilidade semelhante e pode ser colorido utilizando processos que não envolvem substâncias nocivas, tal como a pele de animais.

Os micélios são cultivados em tabuleiros de material orgânico, normalmente algo como pasta de madeira, que os micélios decompõem e consomem à medida que crescem. Utilizando vários processos que os representantes da empresa declinaram discutir, os micélios são levados a entrelaçarem-se enquanto crescem, formando o material semelhante a pele. As folhas podem ser produzidas com várias espessuras e podem ser muito mais finas do que pele, afirmou a cofundadora, Sophia Wang.

MycoWorks e a GM Ventures recusaram divulgar o valor do investimento da GM Venture

“A colaboração irá centrar-se na atividade [de investigação e desenvolvimento], explorando a oportunidade de potencialmente utilizar esta alternativa à pele no design automóvel futuro”, afirmou a GM Ventures numa declaração por e-mail.

A empresa utilizou rondas de investimento anteriores de empresas de capital de risco para aumentar as suas capacidades de fabrico, afirmou Wang.

“Temos uma fábrica piloto aqui, em Emeryville, [Califórnia], onde produzimos dezenas de milhares de folhas por ano e vamos lançar uma fábrica de tamanho comercial de grandes dimensões, na Carolina do Sul, no próximo ano”, disse Wang. “Já iniciámos a construção e esta fábrica irá produzir milhões de metros quadrados por ano”.

Demora algumas semanas, em vez de anos, a cultivar uma folha do material Reishi com um tamanho semelhante a aproximadamente metade de um de couro de bovino, afirmou Wang. A uniformidade do Reishi elimina a necessidade de eliminar o material devido a manchas, como acontece com a pele feita a partir do couro de animais, afirmou.

“Fine Mycelium” é o termo patenteado da MycoWorks para o material básico a partir do qual é feita a imitação de pele. É o próprio material final semelhante a pele que é designado por Reishi. A parceria da GM irá ajudar a MycoWorks a desenvolver o Reishi especificamente para a indústria automóvel, incluindo utilizações em assentos, painéis e volantes. Os interiores dos automóveis podem ser especialmente complicados para vários materiais devido às temperaturas extremamente elevadas que atingem os automóveis estacionados e à exposição a diversas substâncias, incluindo alimentos derramados e cremes para a pele.

MycoWorks e as "infinitas possibilidades" do Fine Mycelium

“A GM marca a primeira parceria da MycoWorks fora da indústria da moda, demonstrando as infinitas possibilidades e aplicações do Fine Mycelium”, afirmou o diretor executivo da MycoWorks, Matt Scullin, numa declaração.

A MycoWorks tinha trabalhado anteriormente com a casa de moda francesa Hermès para criar um substituto de pele diferente chamado Sylvania. A empresa também trabalhou com o designer de chapéus Nick Fouquet para desenvolver uma linha de chapéus feita de Reishi.

A MycoWorks foi fundada em 2013, pelo artista de São Francisco Phil Ross e pela sua colaboradora Wang. Ross tinha trabalhado com micélios para criar vários tipos de estruturas esculturais e a sua obra foi exibida em várias instituições e exposições, incluindo no Museu de Arte Moderna, em Nova Iorque. Ross começou a ser abordado por grandes empresas sobre as possibilidades dos micélios numa diversidade de aplicações industriais, afirmou Wang, por isso, criar uma empresa para comercializar as ideias pareceu um passo lógico. Algumas dessas consultas iniciais foram de empresas do setor automóvel, disse.

No início deste ano, a Mercedes-Benz afirmou que utilizava materiais à base de micélios no seu carro-conceito elétrico EQXX. A MycoWorks não esteve envolvida nesse projeto, que utilizava um material semelhante de um concorrente.

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