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"Eventualmente podia não ter dito? Talvez, mas o que disse foi no sentido oposto": ministra esclarece declarações sobre "lideranças hospitalares"

18 jun, 13:16

A ministra da Saúde assegura ter sido mal interpretada quando disse que há "lideranças fracas" nos hospitais do país e não considera a decisão do Hospital de Viseu "uma atitude" face ao sucedido.

"Eu não sei o que aconteceu com a administração do Hospital de Viseu". Ana Paula Martins responde sem hesitação quando questionada pelo jornalista Anselmo Crespo, esta terça-feira, durante a CNN Summit. 

A ministra que exerceu funções como presidente do Conselho de Administração do Hospital de Santa Maria garante que "mantinha funções" caso um antecessor tivesse proferido as suas declarações ouvidas no Parlamento, na semana passada. "Não enfiava a carapuça", assegura. 

Recorde-se que a administração do Hospital de Viseu apresentou a demissão em bloco pela "falta de confiança manifestada no desempenho enquanto líderes e gestores", depois de Ana Paula Martins ter dito que existem "lideranças fracas" nos hospitais portugueses. 

Agora num evento dedicado à inovação no setor da Saúde, defende que "quando um administrador se demite temos de respeitar" e que tal acontece "porque sentem que não têm condições ou que não querem trabalhar eventualmente nesse contexto". 

"Não senti e o Governo também não sentiu que era uma atitude, é uma reação natural", continua. 

Sobre as suas afirmações em relação às administrações hospitalares, reitera que não disse "administrações", mas sim "lideranças". "É muito diferente, quando falamos de lideranças falamos de maneira transversal", declara, sublinhando "outras coisas que disse" e que, na sua ótica, não tiveram o mesmo eco.

"Disse coisas como tratamos mal as nossas pessoas da Administração Pública, tratamos mal os nossos recursos humanos, na forma como estamos organizados e porque não nos dão competências, não nos dão possibilidades". 

Serve-se do exemplo dos programas de desenvolvimento para os gestores dos hospitais, nomeadamente de administração intermédia: "Não conseguimos ter cabimento orçamental para que estas pessoas possam ter formação nas nossas universidades de gestão".

Regressando às polémicas declarações, se "eventualmente podia não ter dito? Talvez, mas aquilo que disse foi exatamente no sentido oposto do que foi interpretado", explica. O objetivo, segundo Ana Paula Martins, era na realidade "dizer que temos mesmo de ter atenção a quem escolhemos para liderar as nossas equipas", com destaque para "liderar" e "equipas". 

"Estamos a falar de líderes, não de chefes e há líderes de várias camadas", esclarece. Por exemplo, num hospital como o de Santa Maria, considera que "as lideranças intermédias são muito mais relevantes do que quem está no Conselho de Administração".

Apesar de este ter a "responsabilidade máxima", existem aqueles que estão diariamente "nos serviços clínicos e nos serviços não-clínicos para que os serviços clínicos possam avançar".

"Tudo isto precisa de ser trabalhado com as pessoas que lá temos, mas temos de fazer alguma seleção positiva", conclui.