Guerras em diferentes geografias, alterações climáticas, custo de vida a subir e protestos nas ruas com populações descontentes… Sustentabilidade é, cada vez mais, um conceito que se impõe nas soluções de futuro. “Devemos estar focados no desperdício… na agricultura, na saúde e nos outros setores da sociedade também”. O alerta é de Mariana Ribeiro Ferreira, vice-presidente da GRACE: “Temos de desenvolver a economia com o objetivo de deixar, pelo menos, o planeta e a sociedade com os mesmos recursos que temos atualmente”.

Uma tarefa que se adivinha complicada. As alterações climáticas e o aumento da população podem levar à escassez de alimentos, numa altura em que Lino Dias, VP Global Strategy Lead Fruits da Bayer, revela que “há projeções da necessidade de aumento de produção de 50%”: “Só vamos começar a perceber isso quando chegarmos ao supermercado e não tivermos batatas, o preço do tomate estiver alto e as laranjas já não existirem. São exemplos alarmantes, mas é uma realidade que nos preocupa”.

Realidade essa bem à vista de todos com os grandes protestos dos agricultores um poupo por toda a Europa nas últimas semanas. Assegura Lino Dias que o aumento de produção é possível “em termos tecnológicos e científicos, mas há que olhar para quem produz. A idade média de um agricultor em Portugal é de 60 anos, temos de transformar a profissão em algo sexy para os jovens”. Mas não só...

Apostar na sustentabilidade é também hoje uma ferramenta de desenvolvimento e de poupança, garante o engenheiro agrónomo João Coimbra: “O grande desafio é ter plantas o mais saudáveis possível, para produzir maior quantidade, com maior qualidade e com menos impacto ambiental. Precisamos das ferramentas todas… Hoje, a saúde não mete só pensos nas feridas, fazem-se coisas fabulosas na prevenção… eu previno os meus solos de terem doenças, não meto mezinhas todos os dias, porque fica mais caro.”

Caro e pouco atrativo… A exigência de transparência no mundo empresarial é cada vez maior. “A sustentabilidade é uma oportunidade, olhando de uma perspetiva global e transversal. Atualmente só conseguimos atrair talento se formos, de forma transparente, uma empresa responsável do ponto de vista sustentável. Até o cliente quer saber mais”, garante Mariana Ribeiro Ferreira, que deixa ainda um aviso aos empresários: “A sustentabilidade não pode ser acessória, não pode ficar num pequeno gabinete só para dizer que existe. Quem não fizer isso, não vai perdurar, essas empresas não vão resistir no mercado”.