Reduzir os efeitos de estufa na saúde sem comprometer qualidade e segurança

CNN Portugal , Joana Miranda
1 mar, 13:46
Luís Campos (Rodrigo Cabrita)

Manifesto com 25 propostas do Conselho Português para a Saúde e Ambiente para a sustentabilidade ambiental no setor explicado na CNN Summit

“Temos a tendência de meter a cabeça debaixo da areia e não olhar para aquilo que a ciência nos mostra”. Quem o diz é o presidente do Conselho Português para a Saúde e Ambiente, baseado nos dados que demonstram que, em Portugal, a área da saúde é responsável por quase 5% da emissão de gazes com efeito de estufa: “Tem de ser uma prioridade política, têm de existir metas”.

Luís Campos gostava que Portugal pudesse seguir o exemplo do sistema nacional de saúde inglês que, até 2040, tem como meta reduzir a zero os efeitos de estufa no setor “sem comprometer a qualidade e a segurança, conseguindo mesmo aumentar ambas”.

Uma posição acompanhada pelo Administrador de Risco e Sustentabilidade do grupo Luz Saúde: “A sustentabilidade já deixou de ser uma questão de moda ou de opção, mas a primeira página dos jornais vem sempre à frente daquilo que é essencial”. Artur Vaz vai mais longe e apela ao poder político: “É preciso ter noção que é preciso mudar a legislação desta matéria, nomeadamente do destino final de resíduos hospitalares. Tecnologicamente é possível, mas a legislação continua focada numa realidade que tem 10/15 anos”.

Então por onde começar? O Conselho Português para a Saúde e Ambiente publicou um manifesto, dirigido aos partidos políticos, com 25 propostas como a “reutilização de dispositivos de uso único que diminuiu o impacto do aquecimento global para metade, a diminuição do sobrediagnóstico e do sobretratamento, a implementação da telemedicina e da medicina de proximidade ou a integração de cuidados”, revelou na CNN Summit, o presidente da organização, Luís Campos.

Medidas que se pautam por princípios de One Health, o conceito de interdependência da saúde humana, animal e ambiental defendido na conferência da CNN Portugal pelo Bastonário da Ordem dos Médicos que deixou o alerta: “Não há um pensamento global para a saúde. Cada país pensa a sua, mas é importante ter uma estratégia comum… Percebeu-se com a covid-19 que os países que não davam respostas adequadas foram verdadeiros caldeirões onde as variantes acabaram por disseminar por todo o mundo”. Para Carlos Cortes, a passagem de informação sobre a defesa ambiental e sustentabilidade é essencial para uma saúde melhor: “Hoje, o médico hoje não está isolado, tem de se ligar a outras profissões, a outras áreas de desenvolvimento das sociedades. Todos os médicos são veículos de uma informação relevante junto dos utentes, para uma literacia global”.