"Temos de estar preparados para responder a novas pandemias", avisa diretora-geral da saúde - e a culpa será dos insetos

29 fev, 11:42
Rita Sá Machado na CNN Summit

Rita Sá Machado explica que a crise climática está a provocar uma expansão das doenças vetoriais, que podem originar novas pandemias nos próximos anos

Rita Sá Machado admite o aparecimento de novas pandemias nos próximos anos, nomeadamente devido a doenças transmitidas por mosquitos. Segundo a diretora-geral da saúde, serão surtos “mais focados”.

“Temos de estar preparados para responder a novas pandemias. Iremos ter surtos mais focados e não de grandes dimensões, mas vamos tê-los nos próximos anos”, antecipou a responsável na CNN Summit, nesta quinta-feira, dedicada à saúde e ao ambiente, que decorreu no Centro Cultural de Belém.

Rita Sá Machado explica que “devido à crise climática há uma expansão das doenças vetoriais”. “Era quase utópico pensar que um dia não os iríamos ter”, referiu.

“Temos de preparar o setor da saúde. Temos de estar preparados para a chegada dos vetores e para o caso de estes se infetarem”, acrescentou. Para a diretora-geral da saúde, esta “preparação” envolve “parcerias com outras áreas”, como os municípios, as juntas de freguesia e a própria área ambiental.

Rita Sá Machado esclareceu ainda que a “preparação” já está a ser feita por parte da entidade que representa. “Temos uma rede de vigilância de vetores e percebemos que já está cá um vetor. Essa rede tem de se manter, é essencial para perceber se o vetor está infetado”, defendeu.

“As autoridades de saúde estão preocupadas por natureza. E sim, temos de estar prontos para o que é uma próxima pandemia”, alertou.

Ainda analisando a relação entre a saúde e o ambiente, Rita Sá Machado admitiu que a Direção-Geral da Saúde já está “a preparar o próximo inverno”, tendo em conta as mortes devido ao frio, e que no verão começam a preparar o do próximo ano. “A mortalidade geral está associada a fenómenos extremos como o aumento das temperaturas. A promoção da saúde e a prevenção das doenças costumam ser o parente pobre, mas são uma grande fatia”, garantiu.

Sem dados concretos sobre a situação portuguesa, a diretora-geral da saúde chamou a atenção para o aumento de cerca de 75% do número de mortes associado a “eventos extremos”, como o calor, na população com mais de 65 anos.