China pede a estudantes nos EUA que evitem serem enganados para espiarem Pequim

Agência Lusa , AM
6 fev, 10:32
Cidade Proibida, em Pequim, na China

Ministério da Segurança do Estado diz que os estudantes são confrontados com "interrogatórios injustificados, assédio e detenção" e inspeções dos dispositivos eletrónicos

A China publicou um conjunto de orientações para estudantes, que diz estarem a ser assediados à chegada aos Estados Unidos, instando-os a permanecerem vigilantes e evitarem "ser enganados para participarem em atividades de espionagem" contra Pequim.

O Ministério da Segurança do Estado (MSS) publicou um guia para lidar com os "interrogatórios injustificados" e o assédio a que o país asiático acredita que alguns cidadãos chineses têm sido sujeitos quando entram nos EUA para estudar.

De acordo com o MSS, os estudantes são confrontados com "interrogatórios injustificados, assédio e detenção" e inspeções dos dispositivos eletrónicos.

Alguns, segundo o ministério, viram vistos revogados e foram proibidos de entrar nos EUA durante cinco anos.

O ministério diz que os estudantes foram interrogados porque estavam a estudar áreas sensíveis de ciências ou engenharia ou a participar em programas de bolsas de estudo do Governo chinês.

"Os estudantes não devem entrar em pânico, devem manter a calma, pedir serviços de interpretação se não forem fluentes na língua e, acima de tudo, recusarem-se a responder a perguntas que envolvam segredos de Estado ou informações internas da China", lê-se no comunicado.

O MSS também oferece sugestões sobre o que fazer se alguém for "coagido ou enganado" a participar em "atividades prejudiciais à segurança do Estado" chinês.

"Não devem correr riscos. Devem recuar antes que seja demasiado tarde e comunicar a situação honestamente", sublinha.

De acordo com a Lei de Contraespionagem da China, as pessoas que forem coagidas a participar em atividades de espionagem não serão responsabilizadas pelo seu comportamento se "explicarem pronta e sinceramente a situação" às missões diplomáticas ou consulares da China no estrangeiro.

A lei exige igualmente que estejam presentes nos controlos de bagagem "para evitar qualquer manipulação", bem como para verificar a identidade das autoridades.

"Se a outra parte se identificar publicamente como agente de espionagem ou dos serviços secretos, deve esclarecer firmemente a sua posição, recusar qualquer oferta, abster-se de assinar qualquer documento e evitar divulgar qualquer informação privilegiada", afirma a pasta.

No final de janeiro, o Governo chinês protestou contra o alegado tratamento que considerou degradante de alguns cidadãos chineses que entraram nos EUA para estudar.

O protesto surgiu numa altura em que os dois países estão a tentar impulsionar os intercâmbios para melhorar as relações após meses de tensões.

No entanto, Washington teme que alguns estudantes, especialmente investigadores, atuem como coletores de propriedade intelectual ou tenham ligações ao Governo chinês, no âmbito do que os EUA consideram ser uma estratégia chinesa de fusão "civil - militar" para obter acesso a tecnologia avançada.

Cerca de 290.000 cidadãos chineses estudam nos EUA, de acordo com dados da Embaixada da China em Washington, que também mostram que o país tem mais de 1,3 milhões de estudantes no estrangeiro, mais do que qualquer outro Estado.

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