Há cada vez mais dinheiro a sair da China - milhares de milhões de euros por mês. E os alarmes começam a soar em Pequim

28 nov 2023, 12:25
Shanghai, China (AP)

Famílias e setor privado transferiram para o estrangeiro 45 mil milhões de euros por mês em 2023. Dinheiro é canalizado para a compra de imóveis, principalmente no Japão, mas também para a compra de ações nas bolsas estrangeiras e de apólices de seguros

Há cada vez mais dinheiro a sair da China, principalmente das famílias e do setor privado, noticia o The New York Times.

Só este ano, saíram da China cerca de 45 mil milhões de euros por mês para o estrangeiro. O dinheiro é canalizado para a compra de imóveis, principalmente no Japão, mas também para a compra de ações nas bolsas estrangeiras e de apólices de seguros.

Zhao Jie, CEO de uma imobiliária em Tóquio, afirma que os chineses são os maiores compradores de imóveis com valor superior a 2,7 milhões de euros na cidade. Muitas vezes, pagam as casas totalmente em dinheiro. “É muito difícil contar essa quantidade de dinheiro”, diz Zhao ao jornal americano.

Anteriormente, diz o mediador, os chineses compravam casas mais pequenas e estúdios para arrendar. Hoje, compram propriedades maiores e procuram obter vistos para morar no Japão.

Para já, os especialistas afirmam que a situação ainda não é dramática, devido às fortes exportações, mas o The New York Times aponta que a fuga de capital para o estrangeiro já provocou crises económicas no passado, designadamente na América Latina e no Sudeste Asiático.

A alimentar esta fuga de capital, diz a publicação nova-iorquina, está o fim das restrições relacionadas com a pandemia de covid-19, bem como a desaceleração do setor imobiliário, onde muitos chineses investiram, e os receios quanto às políticas económicas adotadas por Xi Jinping, que reforçou o controlo do Estado sobre o setor económico.

Nos últimos tempos, o Banco Central da China tem gastado cerca de 13,5 mil milhões por mês para estabilizar a moeda do país, o renminbi. “O fluxo de dinheiro para fora da China é muito controlável", disse Wang Dan, economista-chefe para a China no escritório de Xangai do Hang Seng Bank, ao The New York Times.

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