Real e CR7: sorrisos rasgados quase amarelaram no final

3 abr 2014, 11:07

Em Paris, o golo de Pastore nos descontos deixa Mourinho e o Chelsea em maus lençóis

Ao entrar no top-20 de todos os tempos, com o 100º jogo na Liga dos Campeões, Cristiano Ronaldo aproveitou para consolidar o estatuto de terceiro melhor marcador de todos os tempos, apontando o seu 64º golo na prova. Foi o 14º na temporada em curso, um recorde pessoal que iguala o máximo histórico até aqui partilhado por Altafini e Lionel Messi. E se a isto juntarmos a vitória do Real Madrid sobre o Dortmund, com um 3-0 que praticamente escancara as portas das meias-finais aos merengues, pelo quarto ano consecutivo, estariam reunidos todos os ingredientes para uma noite de sorrisos rasgados, se ...

Neste «se» é preciso dar espaço para um facto invulgar: o de o avançado português ter sido substituído a 10 minutos do fim, com queixas evidentes num joelho. Foi a primeira vez que não chegou ao fim de um jogo nesta edição da Liga dos Campeões, e apenas a quarta, em 41 jogos oficiais, em que não completou os 90 minutos. Um sinal que, a juntar aos indícios da semana passada, acentua as preocupações para o resto da temporada e, especialmente, para um Mundial que arranca dentro de dois meses.

Bale abre o marcador

No resto, este Real Madrid-Dortmund confirmou a perda de competitividade da equipa de Jürgen Klopp, que na época passada levou sempre a melhor nos embates com os merengues. O golo madrugador de Bale, reforçado por outro de Isco, ainda antes da meia hora, deixou a eliminatória muito bem encaminhada para os merengues, que só por conta de um punhado de grandes defesas de Weidenfeller não chegou ao intervalo com mais golos de vantagem. 

Ronaldo: «Está tudo bem»
 
Na segunda parte, Cristiano aproveitou um bom trabalho de Modric (grande jogo do croata!) para uma finalização com classe. Depois, o Dortmund mostrou que, mesmo enfraquecido, ainda é uma equipa digna de muito respeito, construindo várias ocasiões que teriam reaberto a discussão da eliminatória. Mas Casillas respondeu bem, e Pepe - em grande plano - e Coentrão (a aproveitar bem a baixa forçada de Marcelo) compensaram a má notícia da lesão de Ronaldo nos minutos finais, dando indicações valiosas a Paulo Bento sobre o seu momento de forma. 

O 14º golo de Cristiano Ronaldo nesta edição da Champions

O 3-0 parece transformar a viagem ao Wesfalenstadion em pouco mais de uma formalidade, já que nunca na história das competições europeias o Real Madrid deixou fugir uma vantagem de três golos na primeira mão.

PSG passa no teste: é mesmo para levar a sério!

Se os portugueses do Real Madrid têm razões para sorrir – problemas físicos de Ronaldo à parte – já Mourinho e o seu staff do Chelsea não levam boas recordações da visita a Paris. O fantástico golo de Pastore, nos últimos momentos de compensação, deixa os «blues» com um lastro pesado para recuperar dentro de uma semana, em Stamford Bridge: historicamente, são menos de 25% as equipas que conseguem dar a volta a uma derrota por 3-1 no primeiro jogo – contra mais de metade que anulam um desaire mínimo por 2-1.

O técnico português não poupou críticas à passividade defensiva dos seus jogadores nesse lance de Pastore – iniciado num lançamento lateral, quando Pastore tinha quatro jogadores do Chelsea em seu redor. Mas poderia não ter ficado por aqui: o golo madrugador do excelente Lavezzi também resulta de um alívio deficiente de John Terry. E o 2-1, que dá o segundo fôlego à equipa comandada por Laurent Blanc, começa numa falta desnecessária de David Luiz, que depois faz o desvio para a baliza de Petr Cech.

Lavezzi festeja o primeiro golo do PSG

Pelo meio, o Chelsea teve um bom final de primeira parte, reagindo ao golo sofrido cedo e assumindo o controlo das operações. Willian, em grande destaque, foi o dínamo dos «blues» nesta fase, com Hazard a assumir-se como desequilibrador. O belga fez o empate momentâneo, convertendo um penálti de Thiago Silva sobre Óscar, e pouco depois esteve a um passo de encaminhar a eliminatória para Londres, rematando ao poste direito de Sirigu.

«Ibrahimovic tem para algumas semanas»

Mas a segunda parte trouxe um PSG de volta aos seus melhores momentos, com a atuação discreta de Cavani a ser compensada pela energia de Lavezzi e a omnipresença de Thiago Motta na luta a meio-campo. Nem a lesão de Ibrahimovic (quarto jogador de primeiro plano a ficar fora de combate nesta jornada, com Piqué, Diego Costa e Cristiano Ronaldo) quebrou o ímpeto aos franceses que, já depois do lance infeliz de David Luiz, continuaram a carregar em busca do terceiro golo.

Defesa do Chelsea teve noite para esquecer

E se este era um teste à consistência do projeto desportivo e financeiro do PSG – tal como o tinha sido o embate nos quartos-de-final com o Barcelona, há um ano – a verdade é que a equipa de Blanc passou em toda a linha. Feliz o treinador que pode lançar suplentes como Lucas Moura, Pastore e Cabaye para acabar o jogo na mó de cima e, ao cair do pano, arrancar um terceiro golo que, não sentenciando a eliminatória, faz com que o favoritismo mude de campo antes do jogo em Londres. Resta saber se a lesão de Ibrahimovic não modifica esse estado de coisas.

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