Uma em cada 100 crianças dos 5 aos 11 anos estará infetada com covid-19 na próxima semana

7 dez 2021, 12:55

Investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa diz que casos entre os mais novos vão continuar a aumentar sem previsão de pico. Aguarda-se a qualquer momento decisão da Direção-geral de Saúde sobre a vacinação

Com a 5ª vaga da covid-19 em Portugal, é nas crianças dos 5 os 11 anos que estão a registar-se maior número de casos. Nesta faixa etária, e já na próxima semana, uma em cada 100 crianças estará infetada com covid-19, segundo dados avançados à CNN Portugal por Carlos Antunes, matemático e investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa que tem feito estimativas para o Governo.

“Neste momento, por cada 100 mil crianças, 975 estão infetadas. E, como não há sinal de abrandamento na próxima semana, esse valor vai ultrapassar os mil casos por 100 mil”, diz o investigador à CNN Portugal.  A análise do investigador é feita com base nos dados oficiais divulgados regularmente pela Direcção-Geral de Saúde e Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).

Entre as razões para este cenário de infeções entre as crianças está, nota o investigador, o facto de não estarem vacinadas e não terem, por isso, nenhuma imunidade adquirida, nem existirem muitas medidas de contenção. “Em algumas idades não usam máscara na escola”, exemplifica, acrescentando que as diferenças são especialmente visíveis nas escolas onde há alunos do primeiro e segundo ciclo. “Entre os 12 e os 17 o número de casos baixou e atualmente há 275 por 100 mil. Ou seja, menos um quarto do que os mais novos”.

Neste momento, ainda não há indícios de abrandamento da subida de casos de covid-19 nas crianças. “Não há sinal de desaceleração”, avisa o especialista. Situação bem diferente da que está a ocorrer em outras faixas etárias. Nos mais velhos, nomeadamente nos idosos com mais de 80 anos, a incidência já está a baixar. “Até já pode ter passado o pico”, acredita.

Jovens é que começaram a 5ª vaga

Através das estimativas feitas pelo investigador, verifica-se que a taxa de incidência entre as crianças é o dobro, triplo ou quádruplo de outras faixas etárias.  Os últimos dados oficiais indicam que, nas pessoas com mais de 65 anos, as infeções atingem agora 259 pessoas em 100 mil; entre os 25 e os 65, esse valor é de 448 por 100 mil. Já nos bebés e até aos 5 anos de idade, estão a registar-se 399 casos por 100 mil; dos 12 aos 17 os números ficam-se pelos 275 casos para a mesma percentagem de população.

Os jovens dos 18 aos 25 são também um caso de preocupação, sendo o segundo grupo com maior incidência, logo depois das crianças, com 546 casos por cada 100 mil. Mas há um motivo claro para isso, garante Carlos Antunes. “Foram eles, os jovens dessas idades, que começaram esta nova vaga, com os festejos das universidades e a abertura das discotecas e bares”.

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