Covid-19: vacinação pode ir até junho. “Há bastantes faltas e estamos a compensar isso”

CNN Portugal , DCT
5 fev 2022, 11:27
Carlos Penha-Gonçalves (Lusa)

Em entrevista ao jornal Público, o coronel Carlos Penha Gonçalves não descartou a possibilidade de se avançar com a vacinação de menores de quatro anos. A decisão dependerá da “avaliação de benefício”

Com o mês de janeiro a registar números recorde de infeção e, por consequência, de pessoas isoladas, a adesão à vacinação tem ficado aquém do expectável, o que levará a que o processo de vacinação contra a covid-19 se arraste até ao verão, admitiu o coronel Carlos Penha Gonçalves, numa entrevista ao jornal Público publicada este sábado . 

Mesmo com uma média de 70 a 80 mil inoculações por dia, o coordenador do grupo de trabalho para a vacinação contra a covid-19 reconheceu que o elevado número de pessoas infetadas é o principal entrave ao avanço da vacinação. “Isso tem gerado quebras de 20%, 30%. Há bastantes faltas e estamos a compensar isso diariamente, chamando outras pessoas”, admitiu.

O coronel Carlos Penha Gonçalves disse que “o processo de pico epidémico faz arrastar um pouco o processo” e que, por isso, “todas as pessoas infectadas em dezembro, janeiro e fevereiro vão estar em estado de recuperação durante cinco meses. Portanto, só em maio, junho podemos voltar a vaciná-las”.

Nessa altura do verão, em que estima que sejam vacinadas “20 a 30 mil pessoas por dia”, a equipa que agora coordena o processo de vacinação “vai ser provavelmente reformulada, vamos adaptar isto para integrar no Ministério da Saúde”, adiantou.

Quando questionado sobre o arranque mais lento da vacinação de reforço, o coronel Carlos Penha Gonçalves frisou que “nós temos muito mais” pessoas vacinadas do que muitos países que avançaram primeiro com a vacinação de reforço, colocando em stand-by a vacinação primária. “Neste momento temos 92% [da vacinação primária] iniciada e 90% completa. Por isso, o nosso processo vai ser mais longo”, assumiu.

Vacinação das crianças a meio-gás

A adesão à primeira vacina contra a covid-19 por parte das crianças entre os cinco e os 11 anos está nos “50%” e o coronel Carlos Penha Gonçalves reconheceu, que, tal como acontece com os jovens e jovens adultos, o elevado número de crianças infetadas irá desacelerar o processo. 

Agora, estamos um bocadinho preocupados, porque algumas das crianças com a primeira dose infectaram-se. Estamos na expectativa para este fim-de-semana”, admitiu. Para este fim de semana, adiantou, estão feitos “57 mil agendados para segunda dose e 21 mil agendados para primeira dose”.

Sobre a divisão médica relativamente à vacinação das crianças, o coronel não se alongou na resposta e frisou a “grande confiança” que os portugueses até agora mostraram. 

Acredito que as pessoas sejam sensíveis a diferentes opiniões. E todas as opiniões serão válidas. Mas acho que a maior parte das pessoas em Portugal tem uma grande confiança nas instituições de saúde e nas recomendações emitidas”.

Numa visão mais geral sobre a vacinação pediátrica, o especialista mostrou-se otimista. “Acho que a adesão é muito boa. Em seis dias vacinámos 300 mil crianças. Em Espanha também há uma adesão boa”.

Na entrevista ao jornal Público, o coronel Carlos Penha Gonçalves não se comprometeu quanto à vacinação de crianças com menos de quatro anos, afirmando que a decisão dependerá da “avaliação de benefício”. No entanto, e atendendo ao comportamento do vírus, e por ser “uma doença em evolução”, não descartou essa possibilidade. “Não podemos excluir que no futuro, se houver uma variante que afecte as crianças, não as vacinemos”, adiantou.

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