Bastonário da Ordem dos Médicos afirma que não é altura para "comentar permanentemente um conjunto de médicos que vem dizer a sua opinião e que vêm pôr em causa o processo de vacinação"
O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, foi um dos convidados do CNN Primetime desta sexta-feira, e desvalorizou a tomada de posição de cerca de 90 personalidades, que pedem o fim da vacinação de crianças dos cinco aos 11 anos que não sofram de doenças associadas.
“Falou-me de 91 (signatários), dos quais uma parte são médicos. Temos em Portugal 50 mil médicos. É um número residual”, atirou o bastonário, antes de reforçar que o risco conhecido de complicações associadas à vacinação é muito inferior ao risco de complicações graves associadas à doença.
Questionado sobre a explicação para este apelo, Miguel Guimarães disse que “as pessoas que o fizeram é que tem de o fazer”, e pediu para à população para confiar no trabalho da DGS e das sociedades científicas.
Os signatários argumentam que os dados acerca da vacinação das crianças “não são suficientemente robustos”, algo a que Miguel Guimarães não dá muita importância: “é a opinião deles, de alguns médicos. Não é a opinião da Ordem nem da DGS. Numa altura em que precisamos de tranquilidade e de dar um sinal positivo às famílias, temos de confiar na ciência”.
Miguel Guimarães comentou ainda a tentativa de associar a morte de uma criança de seis anos à vacinação, quando a autópsia feita ao menino de seis anos concluiu que não foi esta a causa do óbito. “Foi nessa altura que surgiu a primeira carta aberta. Temos de confiar no trabalho dos médicos de medicina legal. A morte da criança não teve nada a ver com a vacinação”.
“As pessoas têm liberdade de expressar a sua opinião, claro. Não temos de estar nesta fase, em que temos a situação controlada devido à tremenda eficácia da vacina, a comentar permanentemente um conjunto de médicos que vem dizer a sua opinião e que vêm pôr em causa o processo de vacinação. Acho que ninguém tem dúvidas da importância deste processo”.
