Covid-19: 5ª vaga, 5 vezes mais casos, 1/5 dos óbitos. É o pico?

4 fev 2022, 16:50
O pico da 5ª vaga parece já ter passado, mas é preciso esperar pelos dados dos próximos dias para verificar se a curva descendente se começa a desenhar. Foto: Jorge Mantilla/NurPhoto via Getty Images

Evolução dos casos sugere que Portugal pode já ter passado o pico de contágios da 5ª vaga. Gráficos ainda não desenham a descida sustentada, mas dados revelam quão menos grave é esta vaga face há 3ª, de há um ano. Para o quíntuplo dos casos, há um quinto de óbitos. Veja como

O matemático Carlos Antunes diz que os dados indicam que o país já está "numa tendência decrescente de casos", pelo que o pico da 5ª vaga da Covid-19 pode já estar para trás. Analisando o gráfico de evolução diária desde o início de dezembro, quando a variante ómicron acelerou vertiginosamente, pode verificar-se o que parece ser uma estabilização. Falta confirmar que, nos próximos dias, a curva descendente do “sino” começa a desenhar-se.

O que se vai confirmando semana após semana é quão menos grave a pandemia é nesta fase, quando comparada com o que se passou há um ano, na 3ª vaga. O paralelo das curvas é muito próximo, foi em janeiro e fevereiro de 2022 e 2021 que as duas vagas assolaram o país. Mas com muito menos gravidade agora.

Os dados oficiais foram publicados hoje: as pessoas infetadas com a variante Ómicron (BA.1) apresentam um risco de internamento 75% inferior quando comparadas com aquelas que foram contagiadas com a variante Delta, segundo um estudo da Direção-Geral da Saúde (DGS) e do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA). O risco de morte é menor em 86%.

Este estudo avaliza as indicações que a CNN Portugal tem vindo a acompanhar desde dezembro, na rubrica “melhor ou pior”, que vem comparando precisamente a atual 5ª vaga (dominada pela variante ómicron) com a 3ª de há um ano. A gravidade é menor, o que resulta também do grau de vacinação da população portuguesa. Além disso, há este ano muito mais testagem.

Em janeiro deste ano, foram realizados quase oito milhões de testes em Portugal, o que resulta numa média de 257 mil por dia. É praticamente cinco vezes mais do que em janeiro de 2021, quando se realizaram 1,6 milhões de testes, ou uma média de menos de 53 mil por dia.

Este crescimento do número de testes também contribuiu para o número de casos detetados, sobretudo entre assintomáticos.

Melhor ou pior? A última semana

Analisemos agora a última semana em Portugal, isto é, os sete dias entre 28 de janeiro e 3 de fevereiro (cujos dados foram publicados hoje, dia 4). E comparemos com a mesma semana de há um ano

Foram na última semana detetados mais do quíntuplo dos casos de há um ano, mas o número de óbitos foi 82% menor do que na mesma semana de 2021. Também o número de internamentos tem uma redução de quase dois terços (64%) e em UCI de mais de quatro quintos (81%).

Vale a pena olhar também para as proporções. Pela primeira vez nas últimas semanas, a proporção entre testes realizados e casos positivos é superior este ano à proporção do ano passado. Este indicador (que é uma aproximação à taxa oficial de positividade) foi na última semana de 19,2%, o que significa que há um caso positivo quase por cada cinco testes realizados. Há um ano, a proporção era de 17%.

Isto sugere que mais testes encontram mais casos, mas com muito menor gravidade. Muitos, aliás, serão casos assintomáticos.

Já nos demais rácios da tabela da CNN Portugal, vê-se como as proporções de óbitos e de internamentos são muitíssimo menores este ano.

Pandemia menos grave

A CNN Portugal está a publicar há várias semanas esta análise sobre dados semanais para aprofundar a comparabilidade, evitando por exemplo comparar um dia de semana deste ano com um dia de fim de semana do ano passado.

Fá-lo para medir não apenas valores absolutos mas também para poder aferir sobre a gravidade comparada com o passado.

Como vários especialistas têm apontado, a variante Ómicron, agora dominante, tem uma transmissibilidade muito elevada mas o seu impacto é menor do ponto de vista do desenvolvimento de doença grave e da mortalidade, até porque este ano há uma larga cobertura vacinal em Portugal.

Estes indicadores mostram que a pandemia está mais alastrada mas é menos grave neste janeiro/fevereiro de 2022 do que o foi um ano antes.

Notas: a proporção entre número de infetados e número de testes realizado não é a taxa oficial de positividade, pois muitos dos casos confirmados podem referir-se a análises em atraso (é, ainda assim, uma aproximação a essa taxa).

Da mesma forma, a relação entre internados e infetados é uma indicação, ressalvando-se que muitos podem tornar-se internados apenas algum tempo depois da infeção.

Recorde-se ainda que os números de internados e em UCI são as médias em cada dia (não os novos internados ou os novos em UCI), seguindo-se a metodologia utilizada todos os dias pela DGS, que tem como utilidade medir a ocupação e a disponibilidade dos hospitais. 

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