Quem dá música na Capital da Cultura?

11 jan 2001, 20:08

Da Baixa ao Bessa, com Serralves e o Coliseu no caminho O «derby» promete, mas Pedroto já aconselhava, há anos, a procura do S. Carlos para os mais exigentes, dispostos a assistir a algo que se possa comparar ao espectáculo da ópera. Se F.C. Porto e Boavista «desafinarem», sobram sempre alternativas para afogar as mágoas. Quanto mais não seja, num prato de tripas. Da pintura à música clássica, passando pela irreverência de Abrunhosa ou pelo jogo de luzes do fogo de artifício na Ribeira, o dia 13 (sábado) oferece um invulgar leque de opções culturais, com o futebol à mistura. É o primeiro dia do Porto 2001.

O esforço de elaboração de um roteiro perfeito para o dia da inauguração da Capital Europeia da Cultura dificilmente poderia coincidir com o derby mais desejado por uma cidade em alta. 13 de Janeiro será uma data a recordar, por muitas razões, e que nenhum «tripeiro» deverá deixar de viver. 

As razões para sair de casa são inúmeras, por isso, Maisfutebol aconselha alguns momentos de prazer para viver o próximo sábado da forma mais intensa e sem perder os principais motivos de interesse. 

O dia poderá começar com uma visita ao Museu de Arte Contemporânea de Serralves, onde estão expostas algumas obras de Rembrandt, Courbert, Gauguin, Monet, Kandinsky e Dali, na exposição «In The Rough», que viajou do Museu Bioijmans van Beuningen, de Roterdão. Tenha cuidado e tente evitar a previsível caravana gerada pela visita de Jorge Sampaio e da Rainha da Holanda, que também vão passar pelo local. Talvez seja melhor aproveitar esses momentos para passear pelos magníficos Jardins de Serralves e repousar na Casa de Chá. 

Para o almoço a oferta é muita variada, mas talvez seja melhor optar pela Baixa, porque deverá perder algum tempo para encontrar um lugar. Embora a Rua de Passos Manuel (uma das paralelas a Santa Catarina e onde está situado o Coliseu) já esteja totalmente remodelada, há outras que ainda continuam em obras ¿ como a de 31 de Janeiro.  

Num dia destes talvez seja melhor apelar à tradição e ir até à «Abadia do Porto» (R. do Ateneu Comercial, 22-24), onde poderá comer Tripas à Moda do Porto ou Bacalhau à Gomes de Sá. Uma boa forma de sorver o «derby» por antecipação. Um pouco mais à frente existe a «Casa Aleixo» (R. da Estação, 216), verdadeira instituição portuense, que utiliza o fogão a lenha para cozinhar os famosos filetes de pescada e de polvo, considerados os melhores da cidade. É claro que a tradicional Francesinha pode ser encontrada, literalmente, em qualquer esquina. 

Depois de um café no «Majestic», vá até ao Coliseu. Às 17h30 o grupo «2001 Flautas» dá as boas vindas aos convidados e público em geral da cerimónia de abertura da Capital da Cultura. O concerto inicia-se pouco depois, com a famosa Abertura 1812 Op. 49, de Tchaikovski, e a obra inédita composta por Mário Laginha, acompanhada por um filme de João Botelho. 

É claro que quem quiser assistir ao Boavista-F.C. Porto terá de prescindir deste luxo, mesmo correndo o risco de decepcionar-se com o espectáculo do Bessa. Como dizia José Maria Pedroto, se «querem ópera, vão ao S. Carlos». Ou, no caso, ao Coliseu. Por via das dúvidas, se não pode passar sem as emoções fortes do futebol, cuide em chegar à zona do estádio cerca de duas horas antes do jogo, que se realiza às 19h00. Os bilhetes para não sócios estão quase todos vendidos, antevendo-se casa cheia e consequentes complicações no trânsito.  

O resultado não poderá agradar, simultaneamente, a Andrades e Entretelas (sinónimos que o povo tripeiro atribuiu, respectivamente, a portistas e boavisteiros), mas, no final, muitos deverão procurar a Ribeira para assistir ao fogo de artifício japonês. Depois ainda há um concerto de Pedro Abrunhosa no Palácio de Cristal.

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