Como Berlusconi ganhou os seus (multi)milhões

CNN , Anna Cooban
12 jun 2023, 21:41

Património líquido do antigo primeiro-ministro de Itália é estimado em 7 mil milhões de euros

Silvio Berlusconi, o multimilionário e antigo primeiro-ministro de Itália, que morreu nesta segunda-feira, deixa para trás um vasto império empresarial.

A forma como a riqueza de Berlusconi, construída através da propriedade de algumas das empresas mais conhecidas de Itália, incluindo o bem sucedido clube de futebol AC Milan, será dividida entre os seus cinco filhos ainda não é clara.

A avaliação mais recente da Bloomberg Billionaires Index coloca o património líquido de Berlusconi em 7 mil milhões de euros.

Como é que o primeiro-ministro italiano há mais tempo em funções desde a Segunda Guerra Mundial - e um dos mais controversos - ganhou o seu dinheiro?

Magnata dos media

O quatro vezes primeiro-ministro de Itália entrou na política aos 57 anos. Mas, antes disso, acumulou uma fortuna como promotor imobiliário no final dos anos 60, antes de se tornar conhecido como magnata dos media.

Na década de 1970, diversificou os seus interesses criando uma empresa de televisão por cabo, a Telemilano, e comprando dois outros canais por cabo em Itália.

Em 1978, estes canais foram incorporados na sua recém-formada holding familiar, a Fininvest. Foi através da Fininvest que Berlusconi adquiriu grandes participações em algumas das principais empresas de comunicação social da Europa, bem como no AC Milan.

Berlusconi detinha uma participação de 61,3% na holding no final de 2021, informou a Reuters.

Jogadores do AC Milan festejam a conquista do campeonato italiano em 1988, quando Silvio Berlusconi era o presidente do clube. Ferdinando Meazza/AP/FILE

A Fininvest é o maior acionista da MediaForEurope - anteriormente denominada Mediaset (MDIUY) - com uma participação de 48%. A empresa de radiodifusão, que tem uma capitalização bolsista de 1,6 mil milhões de euros, opera canais de televisão comerciais em Itália e em Espanha e detém uma grande participação no canal alemão ProSiebenSat.1 (PBSFF). A Fininvest detém também uma participação de 53% na Mondadori, a maior editora italiana de livros e revistas.

A Fininvest vendeu o AC Milan por cerca de 740 milhões de euros em 2017, após 31 anos de propriedade.

Num tweet na segunda-feira, o clube disse que estava "profundamente triste" e lamentou a "morte do inesquecível Silvio Berlusconi".

Problemas legais

As controvérsias políticas que envolveram Berlusconi estiveram intimamente ligadas aos seus negócios.

Ao longo das suas quase duas décadas na política, foi julgado por pelo menos 17 acusações, envolvendo alegações de desvio de fundos, fraude fiscal e suborno, apesar de ter sempre negado qualquer irregularidade, e muitos desses casos acabaram por ser anulados em recurso.

Em 2012, um tribunal de Milão condenou o antigo líder italiano por evasão fiscal. Os procuradores descobriram que Berlusconi, juntamente com executivos da Mediaset, comprou direitos televisivos de filmes e depois revendeu-os a preços inflacionados. O esquema permitiu que os envolvidos evitassem uma grande fatura fiscal, segundo os procuradores.

E agora?

Berlusconi tem cinco filhos de dois casamentos.

Todos detêm participações significativas na Fininvest, mas é a sua filha mais velha, Marina, de 56 anos, que preside à empresa desde 2005 e que é, alegadamente, a mais provável para assumir o controlo do império empresarial do pai.

Marina Berlusconi, à esquerda, Pier Silvio Berlusconi, ao centro, e Rosa, mãe de Silvio Berlusconi, fotografados em 1998. Luca Bruno/AP/FILE

Pier Silvio, 53 anos, é o diretor executivo da MediaForEurope. As ações da empresa chegaram a subir 10% nesta segunda-feira, antes de voltarem a cair e a subir 2% ao final da tarde, com os investidores a anteciparem potenciais mudanças na sua propriedade após a morte de Berlusconi.

Marina e Pier Silvio detêm, cada um, uma participação de 7,7% na Fininvest, enquanto os três filhos do segundo casamento de Berlusconi detêm, em conjunto, uma participação de 21,4%, segundo a Reuters.

*Niamh Kennedy e Sammy Mncwabe contribuíram para este artigo

Relacionados

Europa

Mais Europa

Patrocinados