Benfica vai processar Jorge Jesus por considerar que o treinador violou o contrato que o ligava ao clube. O Maisfutebol escutou a opinião de um advogado
O Benfica informou esta segunda-feira a intenção de processar Jorge JesusEm causa está o facto de o agora treinador do Sporting ter estado na Academia de Alcochete a 17 de junho. Ou seja, 13 dias antes do final do contrato que o ligava ao Benfica.
Nesse dia, Jorge Jesus foi visto a sair do centro de treinos dos leões, onde à saída prestou declarações aos jornalistas, a quem disse estar em «visita de estudo».
«De facto, quem está oito horas a trabalhar em Alcochete é porque executa um contrato de trabalho ou acha que o Presidente do Sporting (…) anuncia em 5 de junho Jesus como treinador do Sporting sem haver contrato?», disse João Gabriel, diretor de comunicação dos encarnados, esta segunda-feira em declarações ao Expresso.
O responsável pela comunicação do Benfica revelou ainda que o clube vai pedir a Jesus uma indemnização de 7,5 milhões de euros (valor da cláusula de rescisão) por considerar que o treinador violou o contrato que o ligava ao clube pelo qual tinha contrato até ao último dia de junho.
O Maisfutebol
«Para haver indemnização, tem de haver um acto ilícito. E, no meu entender, parece-me que houve», começa por explicar o advogado Fausto Leite.
«Se Jorge Jesus foi visitar
Para este especialista em direito do trabalho, nada impede um trabalhador de preparar uma alternativa de trabalho, mas «desde que o faça sem lesar a entidade empregadora».
Fausto Leite entende que o facto de Jesus ter visitado a Academia de Alcochete a 17 de junho (e ter lá estado por algumas horas) pode dar vantagem ao Benfica nos argumentos que vai expor em tribunal, a quem o clube terá de apresentar provas do nexo de causalidade entre o comportamento e o dano. Ou seja: que a ida de Jorge Jesus a Alcochete foi um acto desleal para com a entidade patronal e que essa visita causou danos à imagem do clube.
De acordo com o especialista, o agora técnico dos leões terá sido «imprudente». «Parece-me que vai ser difícil provar que ele não foi lá para preparar o seu futuro enquanto treinador do Sporting. É como a mulher de César. Não basta ser. É preciso parecer», compara o especialista, que diz, no entanto, que a indemnização pedida pelo clube da Luz não faz sentido: «A minha experiência diz-me que esse valor é exorbitante.»
Refira-se que a 4 de junho, um dia antes de ser anunciado por Bruno de Carvalho como novo treinador do Sporting a partir de 1 de julho, os treinadores adjuntos de Jesus terão sido, de acordo com a TVI24, impedidos de entrar no Centro de Estágio do Benfica, no Seixal. Isso e o facto de os encarnados terem oficializado Rui Vitória a 11 de junho podem esvaziar os argumentos do clube: «Não é normal, durante o período de férias do seu treinador, o clube contratar outro treinador», afirmou Lúcio Correia, especialista em direito laboral desportivo, em declarações à TVI24.
Benfica não pagou a Jesus o último mês de salário
A decisão do Benfica
De acordo com Fausto Leite, o argumento do diretor de comunicação do Benfica para justificar o não pagamento do último ordenado a Jesus não tem sustentação legal. «O patrão não pode dizer que não paga porque está credor. Não é possível deduzir um salário sem uma decisão judicial só porque acha que tem direito a uma indemnização. São processos distintos», conclui o especialista.
(artigo atualizado às 21:30)