"Se 2024 nos trouxer novamente a 'América em primeiro lugar', a Europa estará mais do que nunca sozinha". Bélgica promete ajudar Ucrânia até ao fim e acusa EUA de "estratégia"

CNN Portugal , DCT
16 jan, 13:10
Alexander De Croo (Associated Press)

Primeiro-ministro belga rejeita alarmismos, mas deixa um aviso: 2024 vai ser um ano desafiante, sobretudo para a Europa

No dia em que a Bélgica assume a presidência rotativa da presidência do Conselho Europeu, o primeiro-ministro belga alertou para os desafios que 2024 trará para as democracias e relações entre nações.

“2024 será um ano crucial. Há muito em jogo para a Europa, muito está em jogo para o Ocidente”, disse Alexander De Croo durante o seu discurso desta terça-feira no Parlamento Europeu, olhando para um eventual regresso de Donald Trump à Casa Branca (que esta madrugada, com 99% dos votos contados, venceu no Iowa com mais de 50% de apoio) como um possível ponto de viragem para o cenário geopolítico, mas rejeita alarmismos.

“Se 2024 nos trouxer novamente a ‘América em primeiro lugar’, a Europa estará mais do que nunca sozinha. Como europeus, não deveríamos temer essa perspetiva – deveríamos abraçá-la”, defendeu De Croo, citado pelo The Guardian, afirmando que este poderá ser o momento de colocar a “Europa numa base mais sólida” e com uma posição “mais forte, mais soberana, mais autossuficiente”.

Para o governante belga, e atendendo ao grande leque de eleições que irá decorrer um pouco por todo o mundo, 2024 será “um ano em que as nossas democracias e as nossas liberdades serão postas à prova”, referindo-se “não apenas à eleição para esta Câmara, mas igualmente para o Congresso dos EUA, e igualmente com uma eleição para a presidência americana”.

Apesar de todos os desafios que se avizinham, o primeiro-ministro belga pede “uma Europa que cumpre e faz a diferença na vida das pessoas, protegendo-as, fortalecendo a economia, preparando um futuro europeu comum”.

E para que esse “futuro comum” seja possível, o primeiro-ministro belga reforçou a importância de os aliados europeus continuarem a prestar auxílio à Ucrânia, tendo até, em tom de crítica, apontado o dedo à postura dos Estados Unidos neste conflito, acusando-os de “estratégia”.

De Croo defende uma “Ucrânia inocente” que apenas é possível com “uma solidariedade que precisamos absolutamente de manter”, sobretudo com “apoio militar contínuo”.

“Para a América e para outros aliados, o apoio à Ucrânia é uma questão estratégica, é uma consideração geopolítica. Para nós, europeus, o apoio à Ucrânia é existencial. Atinge o cerne da nossa segurança e da nossa prosperidade”, considerou.

Esta terça-feira, também Ursula von der Leyen instou o Ocidente a não desistir de dar apoio à Ucrânia, pois só assim é possível ditar o fim do conflito que se arrasta há quase dois anos.

“A Ucrânia pode prevalecer nesta guerra, mas temos de continuar a reforçar a sua resistência”, pediu a presidente da Comissão Europeia aos líderes empresariais no Fórum Económico Mundial, em Davos. 

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