Nelo Vingada contra a moda das expulsões

11 nov 2000, 20:00

Treinador do Marítimo revoltado com o vermelho de Porfírio Nelo Vingada, treinador do Marítimo, mostrou-se indignado com a expulsão de Porfírio no jogo com o Belenenses, que os madeirenses acabaram por perder. Para o técnico, trata-se de mais um exemplo da moda de expulsar jogadores das equipas que jogam fora, para facilitar os golos.

O treinador do Marítimo, Nelo Vingada, mostrou bem a sua indignação com a actuação do árbitro Francisco Ferreira, no encontro desta tarde (sábado) com o Belenenses. Para o treinador a expulsão de Porfírio aos 49 minutos foi decisiva: «Foi um bom jogo durante os primeiros 45 minutos. Enquanto jogámos de onze para onze o Marítimo foi melhor.»  

Começando por dizer que não lhe cabia a função de ajuizar o árbitro, o treinador lembrou as vezes que, esta época, o Marítimo terminou encontros com dez jogadores, recordando que só em dois jogos fora, Leiria e FC Porto, a equipa conseguiu chegar ao fim com os onze jogadores em campo. 

Mas para Nelo Vingada, o Marítimo não é um caso isolado e o problema deve-se à falta de golos no futebol português: «Reparem na quantidade de equipas que quando jogam fora acabam a jogar a dez. Parece um apelo para que os outros possam marcar golos. É uma moda. É uma maneira de aumentar a eficácia de marcar golos já que não se podem aumentar as balizas». 

O treinador criticou ainda outras incidências de jogo, tal como um canto marcado para o Belenenses, no últimos minutos. 

Lagorio era um dos jogadores mais aguardados para este encontro. Mas o avançado argentino, que no último encontro com o Benfica fez um hat-trick, ficou no banco. Questionado sobre se o jogador fez falta na equipa, mais uma vez Nelo Vingada deu uma resposta irónica: «Não dei pela falta de Lagorio, pelo menos enquanto tivemos onze jogadores», disse, referindo que o avançado argentino ficou no banco por sofrer de um «problema que o impediu de jogar no seu rendimento». 

«Só vim aqui por respeito a vocês. A minha vontade era nem vir. Este jogo teve muitos intervenientes, que não vão dormir nada esta noite. A começar por mim, que também me pesa a consciência», concluiu Nelo Vingada. 

Para o capitão dos madeirenses, Carlos Jorge, a expulsão de Porfírio também foi decisiva: «Vínhamos com um objectivo que era ganhar este jogo, sabendo que o Belenenses estava a fazer um bom ínicio de época. O Marítimo podia ter resolvido o jogo na primeira parte. Mas na segunda parte, com a expulsão de Porfírio, as coisas tornaram-se mais difíceis. Com o Belenenses a jogar bem, o Marítimo só podia defender». 

Marinho Peres aproveitou expulsão 

Marinho Peres, menos crítico, admitiu que esta vitória não foi fácil: «O Marítimo é uma equipa já com muita experiência e com grandes jogadores e nós tivemos que lutar muito para conseguir vencer. Melhorámos no segundo tempo e isso é que nos deu a vitória». 

O treinador não escondeu que a equipa estava preparada para receber o avançado Lagorio e que isso até acabou por dificultar as coisas: «Iniciámos bem, depois baixámos a produção, confesso que entrei com três centrais, pensando que Lagorio iria jogar e o Marítimo explorou isso muito bem». 

Mas no segundo tempo as coisas alteraram-se e o treinador aproveitou a expulsão de Porfírio: «Quando se tem um jogador a mais tem que se aproveitar. Fiz logo duas substituições e passados dez minutos outra. Faz parte do jogo». 

Marinho Peres terminou mostrando o seu contentamento com a carreira da sua equipa até a nível de adeptos: «O Belenenses tem 22 pontos, é um feito um pouco inesperado. Juntar jogadores e fazer uma equipa não é fácil. Até os adeptos melhoraram. Quando jogamos fora vão sempre várias camionetas para nos apoiar, o que é muito bom». 

Cafú, autor do golo, afirmou que esta não foi uma vitória fácil e que já andava «desorientado, tanto tempo à procura do golo». O jogador, que substituiu João Paulo Brito já na segunda parte, afirmou estar muito feliz: «Sinto-me muito feliz por ter sido eu a marcar o golo, mas o mais importante foi a vitória e os três pontos. Só espero continuar assim».

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