opinião
Professor universitário, investigador e autor

Diplomacia na dualidade das bandeiras do novo Governo

4 abr, 18:49

Há mais de 12 anos que a identidade visual do Governo – pelo seu logótipo oficial, não era alvo de alteração ou sequer atualização substancial. Concretamente, há um ano, no Governo de António Costa muito se opinou e criticou aquando da nova identidade visual, através de uma novíssima tipografia, mantendo-se apenas (e quase tão só) as cores da bandeira nacional.

Diplomaticamente, foi – quer queiramos quer não, um sinal de inovação e modernidade digitais pela arquitetura do logótipo, por um lado, e a criação e um tipo de letra exclusivo da nossa República Portuguesa, pelo outro. Sim, porque também a diplomacia avança à medida que o mundo e sociedade progridem e evoluem.

De facto, o anterior tipo de letra não permitia a edição para determinados idiomas estrangeiros, pela impossibilidade de aplicar caracteres especiais. Foi, convictamente, uma decisão clássico-progressista! Portugal ainda não tinha, contrariamente a outros países, a sua própria fonte oficial registada, até por questões de identidade institucional e de segurança.

Com a tomada de posse do novo Governo, Montenegro sem mais demoras, cumpriu com uma das suas promessas, o regresso adaptado do anterior logotipo. Foi tão célebre a mudança que as páginas oficiais do XXIV Governo e da República Portuguesa muito rapidamente apresentaram o logótipo antigo, com o escudo, as quinas e a esfera armilar. Ora, diplomaticamente, o nosso atual Primeiro-Ministro foi correto, a salvo de qualquer crítica na esfera do protocolo diplomático. Pois, afinal, o prometido é devido.

Em bom rigor, tudo dependente da perspetiva diplomática. Uma coisa é analisarmos na ótica da diplomacia clássica institucional e aí prevalece a decisão do novo Governo em voltar a enobrecer a nossa pátria, portugalidade e simbologia nacional (com tudo o que a antecede). E outra coisa é analisarmos na ótica da diplomacia moderna institucional e aí prevalecia a decisão do anterior Governo (com tudo o que a precede ou, aliás, precedia até então).

Em resumo, assistimos, como nunca antes a novas mudanças nestes dois mais recentes governos, no que ao cunho armilar diz respeito da comunicação oficial do Estado cada vez mais digital.

Termino, dizendo que jamais a escolha visual de um logotipo oficial é diplomaticamente aceite por unanimidade, leia-se sociedade civil. A derradeira “pergunta diplomática” é: de uma vez por todas, que imagem de Portugal, enquanto país e pátria, queremos no futuro?

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