O setor da aviação mantém, até 2050, a ambição de neutralidade das emissões de carbono
É grande, largo e, provavelmente, é muito mais sustentável. O Airbus A380, um gigante dos céus, completou um voo experimental movido a óleo alimentar.
A 25 de março, o avião usado para testes completou um voo de três horas, desde o Aeroporto Blagnac, Toulouse, sede francesa da Airbus. A aeronave utilizou na sua viagem Combustível de Aviação Sustentável, ou SAF. O combustível é feito, sobretudo, de óleo alimentar usado e gorduras residuais. Este foi usado num único motor Rolls-Royce Trent 900.
Depois, a 29 de março, a Airbus realizou um segundo voo com um avião A380. Foi utilizado o mesmo combustível de óleo alimentar. O voo partiu de Toulouse rumo a Nice. O segundo voo serviu para monitorizar o uso de SAF durante a descolagem e na aterragem.
O combustível utilizado foi fornecido pela TotalEnergies, uma empresa francesa com sede na região da Normandia. O SAF foi feito de ésteres hidroprocessados e ácidos gordos (HEFA) e não contém nem aromáticos, nem enxofre.
No último ano, a Airbus tem testado o uso de SAF nalguns voos, como o A350, testado em março de 2021, bem como um avião A319neo que voou, em outubro, somente com recurso a óleo alimentar. Até ao final da década, a empresa quer que os seus aviões estejam habilitados para voar com SAF. Presentemente, as aeronaves da Airbus podem utilizar até 50% deste combustível, sendo este misturado com o querosene de aviação tradicional.
A Airbus disse, em comunicado, que "o aumento do uso de SAF continua a ser fundamental para que o setor mantenha, até 2050, a ambição da neutralidade das emissões de carbono.” A empresa afirma que os aviões que voassem e utilizassem SAF poderiam reduzir as emissões de carbono entre 53% e 71%, percentagens estas necessárias para atingir essa meta.
A Airbus ambiciona trazer para o mercado o primeiro avião com zero emissões de carbono do mundo até 2035.
O SAF, que alega a neutralidade de carbono por causa do CO2 absorvido enquanto os seus ingredientes orgânicos se desenvolvem, já é utilizado em quantidades limitadas por algumas companhias aéreas. No entanto, devido aos preços elevados, não se espera, para breve, uma grande adesão a este combustível.
Nos últimos anos, o A380, o maior avião de passageiros do mundo, tem estado em declínio. Várias companhias aéreas estão a deixar de usar esta aeronave, em parte por serem menos eficientes em termos de combustível do que os aviões de longo alcance mais modernos. No final de 2021, a Airbus entregou o último A380 à Emirates, a companhia aérea do Dubai.
Ultimamente, a Airbus anunciou que o gigante da aviação seria levado a testar um motor experimental movido a hidrogénio. Esta outra inovação destina-se a tornar as viagens de avião menos prejudiciais para o meio ambiente.
