O deslumbrante brilho dançante da aurora boreal e da sua contraparte no hemisfério sul, a aurora austral, deslumbra aqueles que têm a sorte de vislumbrar o maior espetáculo de luz da Terra.
A aurora boreal e a aurora austral, normalmente confinadas ao Ártico e à Antártida, geram admiração e espanto há séculos.
Nos últimos meses, fotógrafos e observadores do céu noturno têm captado o espectáculo colorido mais a sul (ou a norte, se estiver no hemisfério sul) do que o habitual - locais como o Estado norte-americano do Colorado, o sudeste de Inglaterra e a australiana Nova Gales do Sul. Os pilotos têm circulado os seus aviões em pleno voo para dar aos seus passageiros uma visão mais próxima do fenómeno.
Um novo fenómeno solar no fim de semana passado causou auroras coloridas na noite de domingo e na manhã de segunda-feira, e mais podem ser esperadas na próxima noite de segunda-feira, de acordo com o EarthSky.
Nos Estados Unidos, as auroras podem ser visíveis tanto a sul, no Alabama por exemplo, como a norte da Califórnia, de acordo com a previsão de auroras da NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration, uma agência governamental.
O que causa as auroras?
As auroras são causadas pela atividade do Sol - particularmente um tipo de tempestade solar chamada ejeção de massa coronal, que emite gás eletrificado e partículas para o espaço. Quando estas partículas eletrificadas atingem as linhas do campo magnético nos pólos Norte e Sul, o que normalmente demora cerca de três dias, entram na atmosfera da Terra.
Uma vez lá, as partículas e a energia interagem com os gases da atmosfera, produzindo uma luz de cores diferentes no céu. O oxigénio emite luz verde, a cor mais comum, bem como luz vermelha, de acordo com o Aurora Watch da Universidade de Lancaster, no Reino Unido. O nitrogénio brilha a azul e roxo, segundo a NASA. O tempo limpo também pode ajudar a tornar as auroras mais visíveis.
Uma forte tempestade geomagnética foi gerada por uma ejeção de massa coronal em 21 de abril e o Centro de Previsão do Clima Espacial da NOAA está a monitorizar o evento.
O plasma ejetado pelo Sol viajou a quase 3 milhões de quilómetros por hora em direção à Terra às 15:26 horas ET [20:26 em Lisboa] de 23 de abril.
Anteriormente, os investigadores do Solar Dynamics Observatory da NASA afirmaram ter detetado duas erupções solares de classe M em março, que deram origem a ejeções de massa coronal, desencadeando uma elevada atividade geomagnética e produzindo as cativantes auroras. As erupções solares mais pequenas são designadas por classe A, seguidas por B, C, M e X, as maiores, de acordo com a NASA.
As ejeções de massa coronal podem também, por vezes, perturbar as operações e comunicações dos satélites na Terra.
O recente aumento da atividade geomagnética em março foi impulsionado por uma região de manchas solares "grande e magneticamente complexa" conhecida como AR3234, segundo o Met Office do Reino Unido.
Qual a frequência das auroras?
Nos próximos anos, as auroras boreais poderão aparecer mais a sul com maior regularidade, afirmou Robert Massey, diretor executivo da Royal Astronomical Society.
O Sol passa por um ciclo solar de 11 anos em que o nível de atividade das erupções varia. O ciclo 25, o mais recente, começou em dezembro de 2019 com um mínimo solar - um período em que o sol ainda está ativo, mas é mais silencioso e tem menos manchas solares.
The Northern Lights and a Meteor over Stonehenge this morning 😍 Photo credit Stonehenge Dronescapes on FB #Aurora #auroraborealis #northernlights #stonehenge #stars #astro #meteor #beautiful #april #astrophotography pic.twitter.com/RYIirr7X7J
— Stonehenge U.K (@ST0NEHENGE) April 24, 2023
Estamos agora a aproximar-nos de um máximo solar, que deverá ocorrer em julho de 2025, altura em que haverá um grande número de manchas solares e uma maior atividade solar.
Massey disse que os eventos solares que causam auroras tornar-se-ão mais comuns à medida que nos aproximamos do máximo solar.
O evento deste mês é a terceira tempestade geomagnética severa, depois dos eventos de novembro de 2021 e março de 2023, desde que o novo ciclo solar começou em 2019.
"Este aumento da atividade do Sol é consistente com o estado atual e o momento do ciclo solar", observou Rob Steenburgh, cientista espacial da NOAA, em comunicado. "Eventos energéticos como erupções solares e ejeções de massa coronal tornaram-se mais frequentes no último ano, e especialmente no último mês, e esperamos que a atividade continue a aumentar até ao pico no próximo ano."
Outros planetas do sistema solar também registam auroras.
Júpiter é banhado por cores espetaculares nos seus pólos, embora as suas poderosas auroras sejam causadas por um mecanismo diferente das da Terra, de acordo com uma investigação publicada em 2021.
*Megan Marples contribuiu para este artigo