Augusto Santos Silva admite "derrota pessoal e política" ao ficar fora do Parlamento

20 mar, 23:15
Augusto Santos Silva (Lusa/António Cotrim)

Ainda assim, relativiza o resultado, lembrando que se candidatou num círculo "particularmente difícil para o PS". Sobre uma futura candidatura a Belém, deixa a questão em aberto

O presidente da Assembleia da República vai ficar de fora do Parlamento, depois de ter falhado a eleição no círculo Fora da Europa. Augusto Santos Silva ficou atrás dos candidatos de Aliança Democrática (AD) e Chega.

O partido de André Ventura venceu mesmo o conjunto dos dois círculos, ficando à frente na Europa, onde o PS elegeu o outro deputado. Os socialistas perdem, assim, dois dos três deputados eleitos em 2022, que acabam transferidos para o Chega. Já a AD mantém o deputado eleito em 2022.

"É uma derrota pessoal e política", assumiu Augusto Santos Silva, em entrevista à SIC Notícias, dizendo respeitar o voto daqueles que decidiram eleger um deputado do Chega em detrimento do seu nome. "Em vez de me eleger a mim, [decidiram] eleger um deputado do Chega, é preciso respeitar isso", disse.

Santos Silva relativiza, contudo, o seu resultado, lembrando que se candidatou num círculo "particularmente difícil para o PS", que tinha conseguido eleger pela primeira vez em 2019, ele próprio, que depois foi reeleito em 2022. 

"Sentir-me-ia mal, depois de me ter candidatado pelo círculo de Fora da Europa, agora que era previsível que o PS baixasse a votação, que me fosse acantonar num dos lugares inteiramente elegível", salientou, justificando a sua opção por aquele círculo.

A nível profissional, diz agora que, no mesmo dia em que a nova legislatura iniciar funções, vai voltar à Faculdade de Economia da Universidade do Porto para dar aulas, mas tenciona manter a sua participação política enquanto a saúde o permitir.

Questionado sobre se pretende candidatar-se às eleições profissionais, Santos Silva deixa a questão no ar, afirmando que "o tempo humano não é linear, mas o tempo na política ainda o é menos". "O tempo político acelera ou abranda. O tempo das presidenciais abrandou", observou, apontando que este é o tempo das legislativas e que "haverá tempo para pensar noutros assuntos".

O ainda número dois da hierarquia do Estado considera que cumprido as suas obrigações como presidente da Assembleia da República, afirmando que a sua conduta "foi sempre a mesma" com o objetivo de "fazer valer os seus direitos" e "advertir quando o seu discurso se torna ofensivo ou injurioso".

"Nunca cortei a palavra seja a quem for", frisou, recordando que apenas na altura em que uma bancada, do Chega, tentou "insultar um presidente de um país amigo", foi forçado a intervir.

"Um presidente que não interrompesse e não fizesse valer a dignidade e a ordem democrática, não teria condições de fazer valer os seus direitos como presidente da Assembleia da República", sustentou.

Outra "mentira" apontada por Santos Silva foi a de o acusarem de ter proibido deputados do Chega de participarem em visitas ao estrangeiro, contrapondo que apenas nas suas viagens pessoais não convidou deputados com posturas ofensivas do sistema democrático.

"Nunca repetimos as coisas todas iguais, mas se assistisse impávido e sereno a violações grosseiras da mais elementares regras de respeito reciproco, eu teria vergonha de mim próprio", acentuou.

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