EUA negam ter dado informação "inútil" (como alega o Kremlin) sobre ataque terrorista em Moscovo: "Dissemos que seria no Crocus City Hall"

3 abr, 11:48
Crocus City Hall (AP)

A confirmar-se: o que levou o Kremlin a não aumentar as medidas de segurança nem a aumentar o número de efetivos das forças de segurança no local que foi alvo de um ataque terrorista?

Os “Estados Unidos disseram à Rússia que Crocus City Hall [sala de espetáculos onde ocorreu o tiroteio em Moscovo] era um possível alvo de ataque”, escreve o The Washington Post esta quarta-feira.

A notícia surge como uma resposta de Washington às declarações de Sergei Naryshkin, diretor dos serviços secretos externos da Rússia (FSB), que disse terça-feira que os EUA enviaram para Moscovo alertas sobre um potencial ataque terrorista, mas não passavam de um aviso “demasiado genérico”.

De acordo com o Washington Post, fonte oficial do governo norte-americano familiarizada com o tema, que aceitou comentar o incidente sob anonimato, sublinha o “elevado grau de especificidade transmitido no aviso”.

A Casa Branca assegura que alertou com grande certeza que o autoproclamado Estado Islâmico estava a preparar um ataque que colocava em risco um grande número de civis e contradiz diretamente as alegações de Moscovo, que classificaram os avisos norte-americanos como "demasiado genéricos e inúteis", sendo insuficientes para prevenir o ataque.

No entanto, o facto de os EUA terem identificado concretamente a sala de espetáculos Crocus como potencial alvo – detalhe que ainda não havia sido avançado publicamente anteriormente – levanta todo um novo conjunto de questões, sendo que a principal se mantém: o que levou o Kremlin a não aumentar as medidas de segurança nem a aumentar o número de efetivos das forças de segurança no local?

Apesar de ser altamente incomum, as autoridades dos EUA garantem que compartilharam com um país adversário informações específicas sobre uma conspiração terrorista. Tal como já haviam feito com o Irão, outro Estado que não está na lista de parceiros norte-americanos. 

Em janeiro, Washington partilhou com Teerão que o autoproclamado Estado Islâmico estava a planear um conjunto de ataques em território iraniano. As forças de segurança do Irão foram capazes de interromper dois ataques suicidas, que ainda assim vitimaram 95 pessoas na cidade de Kerman - o caso foi noticiado pelo Wall Street Journal.

O ataque na Crocus City Hall, nos arredores de Moscovo, foi o mais mortífero das últimas duas décadas na Rússia. Mais de 140 pessoas morreram.

As autoridades norte-americanas continuam a afirmar publicamente que o grupo terrorista que se designa Estado Islâmico-Khorasan, também conhecido como ISIS-K ou Daesh-K, é o “único responsável” pelo ataque.

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