Assassinos de Jamal Khashoggi vivem numa prisão de luxo em Riade

CNN Portugal , MJC
31 dez 2021, 00:22
Jamal Khashoggi

Segundo o jornal The Guardian, três homens condenados pelo assassínio do jornalista estão a viver "em acomodações de sete estrelas" pertencentes ao governo da Arábia Saudita

Pelo menos três membros do esquadrão saudita condenado pelo assassínio de Jamal Khashoggi estão a viver e a trabalhar "em acomodações de sete estrelas" dentro de um complexo de segurança administrado pelo governo em Riade, noticia o jornal The Guardian citando fontes ligadas a altos membros dos serviços secretos da Arábia Saudita. 

Acredita-se que os assassinos estejam hospedados em moradias e edifícios administrados pela agência de Segurança do Estado da Arábia Saudita - muito longe dos muros das prisões. A fonte falou com duas testemunhas que afirmam ter visto os homens e que eles recebem a visita de familiares, podem frequentar um ginásio e têm espaços de trabalho no local. As testemunhas dizem que os prisioneiros pareciam levar uma vida normal.

Cinco elementos do grupo de assassinos foram condenados por um tribunal saudita e alguns receberam sentenças de morte, que mais tarde foram comutadas para prisão perpétua. No entanto, vários analistas internacionais consideraram que o julgamento foi uma farsa uma vez que os homens terão cumprido ordens do governo. Estas informações parecem corroborar essa versão.

O assassínio de Khashoggi

Jamal Khashoggi, um dos maiores críticos do regime saudita - e em particular do príncipe Mohammed bin Salman -, foi morto a 2 de outubro de 2018 no consulado da Arábia Saudita em Istambul. A versão oficial das autoridades turcas afirmava que o jornalista radicado nos Estados Unidos foi assassinado e o seu corpo desmembrado e destruído por uma equipa de cerca de 15 agentes sauditas.

Nas semanas que se seguiram ao incidente, a Arábia Saudita negou oficialmente qualquer envolvimento no sucedido. Entretanto concedeu que a operação foi levada a cabo por agentes mas “sem qualquer ordem superior” e que o queriam apenas persuadir Khashoggi a voltar para o país.

Em dezembro de 2019, o Tribunal Criminal de Riade chegou mesmo a condenar à morte cinco elementos alegadamente responsáveis pelo assassínio, sentença posteriormente reduzida para 20 anos para cada um.

Contudo, as autoridades turcas afirmaram que os agentes atuaram sob ordens diretas de altos funcionários do governo saudita, nomeadamente de Mohammed bin Salman. Na sua investigação ao caso, as Nações Unidas consideraram que havia “provas credíveis” para investigar o príncipe herdeiro.

Em fevereiro deste ano um relatório dos serviços secretos norte-americanos confirmava que o príncipe herdeiro da Arábia Saudita Mohammed bin Salman sabia e autorizou o assassínio do jornalista dissidente que residia nos Estados Unidos. Na versão  divulgada do documento pode ler-se que “Mohammed bin Salman aprovou uma operação em Istambul para capturar e matar o jornalista saudita Jamal Khashoggi”.

Suspeito do assassínio de Jamal Khashoggi detido em Paris?

A 7 de dezembro, a polícia francesa deteve um dos suspeitos do assassínio no Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris. Segundo a RTL, Khalid Aedh al-Otaibi, antigo membro da Guarda Real saudita, preparava-se para embarcar num voo para Riade quando foi intercetado pelas autoridades

A polícia disse mais tarde que se tinha tratado de um erro e libertou o homem. No entanto, as autoridades turcas acreditam que a França pode ter capturado o homem certo e depois liberaram-no por razões políticas. 

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