Blinken previu que esta competição de longo prazo determinará a era pós-Guerra Fria, em que os Estados Unidos querem abordá-la numa posição de força com o objetivo de "ter capacidade de moldar o que está por vir".
O secretário norte-americano, Antony Blinken, afirmou esta quarta-feira que não vislumbra uma solução a curto ou médio prazo para as tensões com a China, defendendo que Washington deve manter a sua liderança e impedir que outra potência ocupe esse vazio.
Falando numa palestra organizada pelo Council on Foreign Relations em Nova Iorque, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos manifestou o seu pessimismo em resolver os problemas bilaterais entre Washington e Pequim num futuro próximo.
“Não creio que cheguemos a um objetivo claro a curto prazo, mesmo durante a vida da maioria dos presentes nesta sala”, disse Blinken, antes de frisar que a questão se centra em encontrar uma “convivência mais produtiva” entre os dois poderes políticos e económicos.
Para o dirigente norte-americano, é preciso “encontrar uma maneira de coexistir e fazê-lo pacificamente”, enquanto decorre “uma competição intensa",sublinhando a importância de se criar linhas de comunicação com Pequim, para onde Blinken viajou há duas semanas.
Blinken previu que esta competição de longo prazo determinará a era pós-Guerra Fria, em que os Estados Unidos querem abordá-la numa posição de força com o objetivo de "ter capacidade de moldar o que está por vir".
Em resumo, defendeu que os Estados Unidos enfrentam uma China que tem "o poder e a intenção de mudar o sistema em que vivemos" e uma Rússia "revanchista", pelo que Washington deve agir com determinação e liderança para continuar a ser o maior poder no mundo.
"Se os Estados Unidos não se comprometerem ou abrirem mão da sua liderança, então das duas uma, ou há alguém que o faz e provavelmente não de uma forma que promova os nossos próprios interesses e valores, ou não há ninguém e então teremos um vazio que provavelmente vai estar cheio de coisas más", frisou.
Há uma semana, o Presidente dos Estados Unidos afirmou que o homólogo chinês, Xi Jinping, pertence à categoria dos ditadores, numa receção na Califórnia com doadores do Partido Democrata e na presença de jornalistas, o que motivou um protesto formal de Pequim.
Referindo-se a um episódio recente em que os Estados Unidos destruíram um balão chinês que alegavam estar a espiar território norte-americano, Joe Biden disse que "a razão pela qual [o Presidente chinês] ficou tão chateado" quando foi abatido "aquele balão cheio de equipamento de espionagem é porque não sabia que [o dispositivo] estava lá".
"É muito embaraçoso para os ditadores quando não sabem o que aconteceu", continuou Biden, acrescentando: "Quando [o balão] foi abatido ficou muito embaraçado e até negou que [o aparelho] estivesse lá".
Posteriormente, Biden afirmou que as suas declarações não minaram os progressos nas relações bilaterais e que espera reunir-se com o líder chinês num futuro próximo: “Isso não é coisa que eu vá alterar muito”.